terça-feira, janeiro 31, 2006

Hoje nas bancas

Atlântico n.º11, a primeira da gestão Paulo Pinto Mascarenhas.

E agora a Atlântico tem um blog: http://www.revista-atlantico.blogspot.com/

PS: Bernardo, Gonçalo, não consigo meter a foto... SOS

3 anos e meio

Há muito tempo que não escrevia no blog.
Confesso que me tem faltado "pachorra" para a realidade portuguesa. Logo, não me apetece escrever, ler ou mesmo pensar.
Há um ano que não se fala de outra coisa que não das presidenciais (com excepção do futebol, claro). E ainda hoje se fala e escreve. E as eleições já passaram!
Que há um movimento de cidadania.
Que os cidadãos têm poder.
Que Alegre é a renovação dos partidos políticos.
Que Cavaco Silva é um perigo para a democracia pois quer governar a partir de Belém.
Que Socrates vai ter vida dificil.
Que vem ai a instabilidade.
Que vai surgir um novo movimento civico que fará tremer os políticos e os partidos.
Blá, blá, blá
Tudo imaginação, ou falta de capacidade para compreender o que é básico na lógica das coisas políticas.
E tudo é muito mais simples do que parece e resume-se a uma frase: vamos viver 3 anos e meio de tranquilidade política.
Alegre não existe (de resto, nunca existiu)
Os cidadãos não existem, como nunca existiu a cidadania na nossa tradição pública. Logo, não há movimento civico (quanto muito um foclore que dura uns 2 ou 3 meses)
O Prof. Cavaco Silva não é nenhum perigo para a democracia nem quer governar a partir de Belém. Não quer porque é um homem com sentido de Estado e percebe a particularidade do momento que o País atravessa. Mas também não pode pode.
Na verdade ninguém quer instabilidade. Nem o PS (a parte deste que verdadeiramento conta), nem o PSD, nem mesmo o Bloco de Esquerda (cuja meta é de médio prazo, ou seja, daqui a 3 anos e meio). Nem os empresários, nem a banca, nem a comunicação social, nem os sindicatos, nem os "opinion makers".
Talvez queira o PCP e a Intersindical, mas esses também já não existem.
Assim, vamos ter 3 anos e meio de "cidadania tranquila".
Pois isto só voltará a ser a sério uns meses antes das próximas eleições legislativas.
Até lá tudo é pura perda de tempo.

segunda-feira, janeiro 30, 2006

1 Aninho


Pois é, o Sinédrio completa, agora, um ano de vida. Está na hora de começarmos a pensar em jardins-escola e playdates. Hoje à noite sopramos as velas!

sexta-feira, janeiro 27, 2006

Atlântico Renovada, a 31 de Janeiro


Entre outros: João Pereira Coutinho, Constança Cunha e Sá, Rui Ramos, Luciano Amaral, Maria de Fátima Bonifácio, João Marques de Almeida, Pedro Lomba, Vasco Rato, Carla Hilário Quevedo, Rita Barata Silvério, Francisco Mendes da Silva, Nuno Costa Santos, Eduardo Nogueira Pinto, Henrique Burnay, Adolfo Mesquita Nunes, Rodrigo Moita de Deus...

O Sinédrio orgulha-se de colaborar com três dos seus elementos, Gonçalo Curado, Henrique Raposo e este que vos anuncia o próximo e renovado número de uma revista que promete.

E promete já para o número de Março, Maria Filomena Mónica na última página. Para ficar. Por muitos e bons anos.

Não percam.

quinta-feira, janeiro 26, 2006

Conservador liberal


Raymond Aron, conservador liberal, o Tocqueville do XX.

Conservador liberal? Que porra é essa? [pergunta feita por sms]. Como estou sem saldo, aqui fica a resposta:

«Aquele que procura ser o anjo acaba por ser a besta. O Político não deve esquecer que a ordem internacional é mantida apenas na condição de ser suportada por forças capazes de equilibrar as forças de estados revolucionários ou insatisfeitos […] mas aquele que procura ser a besta não será anjo. Os realistas spenglerianos, que julgam que o Homem é uma besta e que, por isso, instigam esse comportamento bestial, ignoram um lado essencial da natureza humana. Mesmo nas relações entre Estados, o respeito pelas ideias, a aspiração a valores e preocupação com obrigações são evidentes».
Aron, Paz e Guerra.

Sinédrio à escuta

A direita pode ter emenda,
do meu camarada acidental Eduardo Nogueira Pinto

aqui fica a parte final:

O liberalismo mitigado deve ser a aposta da direita para os próximos anos. Em Portugal, país onde o Estado continua a ter uma presença asfixiante em quase todas as áreas, não é ideologicamente complicado a um direitista ser liberal. Mesmo os mais puros conservadores se tornam de bom grado liberais. Há muito pouco para preservar. Há muito para liberalizar. Não se trata de querer privatizar tudo e mais alguma coisa, de acabar com a segurança social e com o sistema nacional de saúde, ou de outros niilismos megalómanos. Trata-se, tão-somente, de repor algum bom senso na coisa pública. Depois de alcançado esse objectivo, depois de reduzido Estado às suas tarefas fundamentais, depois de as políticas essencialmente de direita passarem a ser prática comum, depois de tudo isso, poderemos, então, voltar a ser conservadores. Conservadores-liberais, bem entendido.

Top Gun, Socialist Style

“A leftist maverick, Manuel Alegre, had 20.7 percent of the vote and Mário Soares, the Socialists' official candidate, had 14.21 percent.”
Maverick, a.k.a. “you’ve lost that party feeling”


Iceman

Goose

Also starring: Jorge Coelho as unfriendly MIG pilot

quarta-feira, janeiro 25, 2006

Que Direita?

Tal como se explica o sexo às crianças por meio de alegorias com cegonhas e abelhas, também grande parte da Direita recorre a expressões que minoram a sua natureza política, tal como “o candidato da sua área política” ou a crucial alusão composta ao “centro-“.Não digo que seja necessário fazer uma arruada ou qualquer acto público de consagração comunitária. Isso fica para outros. Mas dificilmente haverá uma Direita com vocação de poder, enquanto esta se envergonhar da sua própria natureza.

Há! Isso foi o Joseph...


Para refutar a projecto de resolução do Conselho da Europa sobre a “Necessidade de uma condenação internacional dos crimes dos regimes comunistas totalitários”, o PCP nem se deu ao trabalho de recorrer à comum tese de uma ideologia inocente dos crimes cometidos em seu nome.
Na Declaração Política do PCP, o comunismo totalitário perde por falta de comparência, apresentando-se a resolução do Conselho da Europa como instrumento de uma ofensiva “fascizante”, disposta a “branquear o nazi-fascismo” pela aproximação deste à natureza cândida do marxismo-leninismo.
Assim se constrói a contemporânea essência comunista. Partilhando a matriz ideológica de experiências totalitárias, o PCP afirma a sua inocência porque, entretanto, se foi dissociando de qualquer cumplicidade por associação. O que o presente ideário comunista esconde é a vocação sanguinária e repressiva, escrita em small print, em qualquer magna utopia.

Hairball II

Medeiros Ferreira bem pode parar de agitar bandeiras. Afirmar a depuração democrática dos 700 mil eleitores soaristas só demonstra a incapacidade de alguma Esquerda para aceitar uma derrota como sua. É a inabilidade para apresentar a sua razão de ser futura, em democracia liberal, que explica o recurso a alusões a ameaças internas ao próprio sistema democrático. Rotativismo e Pluralismo foram, entretanto, engavetados.
A “Esquerda” que, no Domingo, dormiu como um bebé é aquela que antes de fechar os olhos não olhou, saudosa, para o espaço vazio na parede onde um dia se pendurou um qualquer projecto holístico para as massas.

terça-feira, janeiro 24, 2006

A clarividência aqui tão perto


“Tras dos meses de campaña agotadora y bastante plúmbea en general, el pueblo portugués diseñó unos resultados sensatos y templados, que no revelan tanto entusiasmo como ganas de acabar lo antes posible con el asunto.

....


El primer ministro, Sócrates, asistió como si la cosa no fuera con él al cataclismo histórico (quizá el último, pero nunca se sabe con el Viejo León) de su candidato, Mário Soares, de 81 años. Aunque los analistas no hablan de un voto de castigo al Gobierno sino de un error de timing, o más bien de época, cometido por el propio Soares, como recordaba ayer el director de Público. El PS no vivía tal desastre (un 14% de los votos) desde que el extinto Partido Renovador Democrático engulló en 1985 a la mitad de su electorado.”

Cavaco promete lealtad al Gobierno”, El País

segunda-feira, janeiro 23, 2006

Leitura Recomendada

Martim Avillez Figueiredo, Se a Economia Fraquejar, Começam os Conflitos (DE)

João Marques de Almeida, África e o Terrorismo Islâmico (DE)

Já vou lixar a linha editorial do blog!

O Pedro Mexia, há uns tempos atrás, falou do carácter foleiro do sexo literário português e deixou-me a pensar. Acabei por chegar à conclusão que não é só a qualidade da prosa que dá um contributo foleiro, é o próprio vocabulário português que não é amigo do sexo literário.
Bocage safava-se porque, na altura, podia-se deixar as coisas subentendidas, mas o leitor contemporâneo não tem paciência para silogismos e quer qualquer coisa mais explícita. Só que o emprego de vocábulos gráficos como “perpúcio”, “genitália” ou “escroto” são ainda piores do que os wannabe Bocage que recorrem a eufemismos arrepiantes como “monte de vénus” e as clássicas referências a parafernália de combate a fogos.
Por exemplo, no filme Point BreakRuptura Explosiva há uma personagem que diz: “young, dumb and full of cum” e o tradutor optou uma qualquer solução púdica como “jovem, burro e cheio de genica”.
Isto é obviamente foleiro, mas imagine-se a tradução literal.

Aritmética ideológica

É engraçado que enquanto se minimiza a aritmética da derrota soarista, ninguém repara na irracionalidade de Soares se predispor a alcançar a Presidência com base no programa ideológico do Bloco.

liberalismos

And the difference over competing policies stems from a more fundamental disagreement between left and right about the primacy of the factors that menace freedom. Progressive liberals see inequality as the chief menace to freedom and government as an essential part of the solution. For libertarian liberals, who like progressives think that freedom yields progress and like conservatives stress that freedom depends on limits, it is government that is the chief menace to freedom, and the restraint of government is freedom’s essential safeguard. And for CONSERVATIVE LIBERALS, both of the traditional and neoconservative variety, it is the excess of freedom and equality that poses the biggest threat to freedom, and government is seen as both friend and foe in the battle to limit freedom and equality on behalf of freedom and equality.

Peter Berkowitz

Hairball

Enquanto Medeiros Ferreira aceita a sua derrota “como se fosse sua” e no Super Mário se ouve Sinatra a dizer “and now, the end is near”, Vital Moreira insiste num azedo revisionismo. Para essa derrota entalada na garganta, o Sinédrio recomenda-lhe:

O pré-requisito grisalho

Sempre que digo que cedo chegará o tempo de António Borges no PSD recebo a resposta que “ele ainda está muito verde” ou “ainda faltam uns anos”, apesar de Marques Mendes ser, por natureza, transitório.
Isto deixa-me algo confuso. Serão ecos de Mitterrand que envelhecem os requisitos portugueses de liderança? Que tal olharmos para o exemplo britânico?

Facção


Curioso fenómeno. Santanistas e Soaristas, todos levaram o coração e a facção para lá do interesse e do pragmatismo político. Todos negaram as evidências.

Já se podem guardar as muletas no armário


A forma como José Sócrates geriu a campanha presidencial é text book maquiavélica. Nos próximos dias, no Largo do Rato, espera-se observar um estranho fenómeno de flash mobbing com inúmeras pessoas a olhar por cima do ombro.

Óbito

Morreu ontem uma geração de poder, tão corroída e cansada que nem há quem lhe escreva um obituário.

Hoje Portugal acordou confiante

Revivalistas precisam-se

Ultimamente tenho vindo a concordar com o Henrique na crença de que boa música tem de passar o teste do tempo. Porém, os camaradas revisionistas Bernardo e Manuel juntaram-se no pedido de uma renovada soundtrack para o Sinédrio. Por muito que eu aprecie bandas recentes começadas por The, continuo a acreditar que não há nada como:












Ainda assim, aí ficam na “Grafonola” alguns acordes de modernidade.

sexta-feira, janeiro 20, 2006

O Friedman de 1910 ou o Utopismo liberal da I Globalização

As frases seguintes não se referem ao nosso tempo. Pertencem a um livro de 1910:

«essas tendências, resultantes em sua maior parte de um conjunto de condições inteiramente modernas, fazem com que os problemas da política internacional sejam profunda e essencialmente diferentes dos antigos». E este provincianismo do presente (daquele “presente”; também naquele tempo se pensava que a integração económica seria sinónima de integração política; típico erro da modernidade de esquerda; sim, pode-se ser capitalista, liberal e apresentar, ao mesmo tempo, uma disposição mental de Esquerda, isto é, Progressista e Universal; Thomas Friedman é da "esquerda" americana) continua, continua contra os "reaccionários", essas malditos, que só pensam com grelhas do passado já ultrapassado: «não obstante, essas ideias ainda estão dominadas por antigos axiomas e princípios, assim como por um terminologia ultrapassada».

Norman Angell, A Grande Ilusão, 1910. Os Norman Angell's de hoje - Friedman à cabeça -repetem a mesma arrogância. Só resta esperar que a II Globalização, a nossa, não termine com um bang.

Deus existe, Henrique!

Henrique, estou farto de te dizer que Deus, para além de estar em todo o lado, está também em Bruxelas. Não, não é nos corredores que andas a pensar. É nas guitarras destes ilustres senhores. Deixa lá os teus ataques com Bach e esses defuntos do tempo do terramoto e adere ao mundo dos vivos. Dos bem vivos.

“Coincidência” é a palavra que o agnóstico usa quando começa a pensar que, se calhar, há mesmo Deus

Quando alguém, na mesma tarde, encontra três ex-namoradas, todas pedindo encore com os olhos, esse alguém só pode mesmo pensar no Poder das coincidências.

quinta-feira, janeiro 19, 2006

A Aliança mais importante do mundo

Japan and the United States: the Essential Alliance
Yukio Okamoto

1. Globalização? Sempre. Mas cuidado. “Ela” depende de alianças estratégicas. E a mais importante é a aliança entre EUA e Japão (no Japão, os EUA têm a única task force - um Porta-Aviões e afins - estacionada fora do continente americano). Este é um dado pouco comentado. Talvez porque temos como certa e garantida a dita aliança. Mas, em Política, nada é garantido. As alianças EUA-Europa e EUA-Coreia do Sul encontram-se num estado de ambiguidade. Se essa ambiguidade chegar a Tóquio, meus caros, teremos sarilhos. Um mundo sem aliança Tóquio-Washington é um mundo desconhecido; um estranho, novo e perigoso mundo.

quarta-feira, janeiro 18, 2006

A Utopia de Friedman

Barry C. Lynn “War, Trade and Utopia” (National Interest, 82).

Excelente crítica ao utopismo comercial e determinista de Thomas Friedman. Thomas Friedman faz lembrar Norman Angell. Em 1910, Angell também afirmava que a globalização – a primeira – iria conduzir o mundo para a paz e prosperidade. Norman Angell também criou um fim de história. Errou por completo. Thomas Friedman, na nossa 2ª Globalização, repete os erros. Não resiste à utopia. Globalização, sim. Mas devemos estar conscientes que não é um processo autónomo. Dependente da política dos estados liberais que a sustentam.

terça-feira, janeiro 17, 2006

Corte na ortodoxia


Peço desculpa aos caros colegas pelo corte na ortodoxia musical do estabelecimento, mas é que o camarada Bernardini afirmou que esteve com a imortalidade. Pois bem, eu hoje estive a tarde inteira com Deus. Duas vezes, para ser correcto. Bebemos uns copos e tudo.

segunda-feira, janeiro 16, 2006

God bless you

Há quatro horas consecutivas que alterno entre o divino e a imortalidade.
Gonçalo, será que podias proceder à inevitável alteração musical neste blog?

sexta-feira, janeiro 13, 2006

Dois livros essenciais

quinta-feira, janeiro 12, 2006

Leitura Recomendada

«Como muito oportunamente lembrou Luís Aguiar Santos, no blogue da Causa Liberal, se Soares saiu das suas presidências com a imagem de Pai da Pátria, por todos aclamado, deve-o às maiorias de Cavaco. Estas maiorias serviram para disciplinar os seus piores instintos manobristas e arbitrários. Soares preparou-se para ir para a Presidência para pôr e dispor. Mas aconteceram então as duas maiorias absolutas, que ninguém previu e que o tolheram. As maiorias absolutas de Cavaco viabilizaram a nossa democracia quando muita gente começava a duvidar da sua governabilidade. Elas devolveram ao exercício dos poderes legislativo e executivo uma dignidade que sempre andou extraviada desde a fundação do regime. Tal como a conhecemos hoje, a democracia portuguesa é, portanto, em grande medida a democracia de Cavaco».

Luciano Amaral, DN, Hoje.

quarta-feira, janeiro 11, 2006

Novo Ocidente

A crise entre a Europa e os EUA é a crise de sucesso do velho ocidente. Criou-se uma ‘open society’ de estados 'ocidentais' ao longo da globalização. Mas a Europa ainda não percebeu que, após 500 anos de domínio, é, agora, apenas mais um pólo dessa ‘open society’. O fantasma criado pelos europeus - América imperial ou malfazeja - é uma forma de escapar à realidade: a América lidera um novo quadro geo-político marcado por potências liberais espalhadas pelo globo. A Europa é apenas mais "uma". Os europeus ainda não perceberam que são tão ou menos importantes que brasileiros, indianos ou japoneses, ilustres membros deste Novo Ocidente.

segunda-feira, janeiro 09, 2006

Science

Meio dia e meia. Página word em branco no écran. Quinto lugar no campeonato. Vitória em Treviso. Prazos para cumprir. Tese para acabar. Artigos para escrever. Livros para ler. Jantares para ter. Um senhor de Braga para insultar até não poder mais. Science nas colunas e a entrar-me pelos ouvidos dentro: um dos discos da segunda metade da década de 90.

Post perdido nos bolsos do casaco

O Manuel José tem voz de barítono; o Vitor Manuel tem voz de forja e o Jorge Jesus tem um problema recorrente com o cabelo e com a escolha das camisas, para além da tendência irritante para observar o jogo com um joelho no chão. Paulo Bento faz um medley.
Ao princípio ainda pensei que o facto de o Paulo Bento ter passado umas temporadas no Oviedo justificasse o presente estado do seu Português. No entanto, com o correr do tempo cheguei à conclusão que o problema assume maiores proporções: Paulo Bento “fala ao sopro”. O novo mister simplesmente não sabe equilibrar a respiração com a fala.
Isto lança algumas dúvidas sobre a capacidade directiva da SAD do Sporting. É, desde já, curioso que se tenha tido a audácia de contratar alguém que aos trinta e tal anos ainda não aprendeu a usar o pente e a fazer um risco para o lado... Mas apresentar um treinador com problemas de dicção marca um novo low point.
Mas o futebol é mesmo um mundo sociologicamente à parte.
Se não o fosse, a afirmação daquele senhor que foi publicamente bitch slapped na Portela (“todo o mundo sabe que eu sou o pai do Moretto no futebol”) teria sido imediatamente de denunciada como a coisa mais foleira que já foi dita na televisão. Se duvidam, a minha colecção de cadernetas da Panini e revistas da temporada do Record estão à vossa disposição. Reparem, em especial na equipa do Tirsense com Marcelo, Giovanella, Paredão e Caetano que partilham páginas com personagens do passado recente como o Nelo (ainda hoje um enigma dos relvados) ou o Basaúla.

Evidências II

domingo, janeiro 08, 2006

Evidências


O meu caro Ivan tem toda a razão. De facto, o Expresso poderia ter escolhido outras imagens para além de um Soares confuso (1ª página) ou de Soares amparado a sair de um comboio suburbano (p. 9). Mas ao fazê-lo, o Expresso estaria a fugir às evidências da realidade.
Desde o princípio de Dezembro que o único foco de interesse da corrida presidencial é saber que nível profundo marcará o ocaso político de Mário Soares.
Ilustrar um texto acerca da campanha soarista com um Mário Soares alegre, confiante ou dançarino seria uma falácia brutal.
Que outra imagem poderia enquadrar gaffes e absurdos como este:

Mário Soares escolheu reinventar-se politicamente na periferia ideológica e sofre com a realidade que o ultrapassa. Soares está velho mas não é de idade física é na ideológica. Soares está tão velho quanto o meu caro Ivan. Ambos escolheram uma base ideológica do passado, de um passado recente, sem raízes e sem futuro.
Fundar uma campanha presidencial nesta base ideológica não é um erro de cálculo, é fratricida.

Humor constitucional

Entrei. Perguntei: “quanto é que custa o curso de chinês?”. O interlocutor – chinês, mas com um razoável português – lá indicou o preço. Conversa puxa conversa. E chega-se à política. Às tantas, digo que Portugal – o país onde vivem os dois intervenientes desta estória – tem na constituição a seguinte frase: abrir caminho para uma sociedade socialista. O tipo começou a rir (bom, os chineses não riem; sorriem um pouco mais depressa). O tipo pensava que eu estava a gozar com a China. Estória ridícula? Pois é. Mas não tão ridícula como a nossa constituição.

sexta-feira, janeiro 06, 2006

Jagunços & Jagunços Inc.


Enquanto o novo presidente iraniano continua a sua retórica e práticas ofensivas o caso do Hamas é paradigmático. O Hamas compreende que o futuro do seu financiamento e relevância política depende da viabilidade de uma via de violência. Enquanto organização política a sua natureza e acção são para-militares, adversas à paz. Ambos compreendem que de Sharon e da sua herança política depende o processo de paz. Ambos não o desejam.
Para agentes políticos formados pela violência física e ideológica a pacificação não só é indesejável como é incompreendida. Para estes, não poderá haver qualquer resolução o Médio Oriente que não passe por uma marcha triunfal por baixo de um imaginário Arco do Triunfo após uma campanha sedenta de violência.
Os seus futuros dependem da ausência de soluções de compromisso.

quinta-feira, janeiro 05, 2006

País que foge do óbvio: para quando um investimento na luso-esfera?

«And finally, the increasingly close connection between Brazil and the former Portuguese states of the Africa foreshadows the possible development of a Lusophere. Such ties would be an asset out of proportion to Portugal’s other economic opportunities»

Deste senhor.

Sinédrio Winter Camp 2005/2006

Acredito que é difícil, quase impossível, definirmo-nos politicamente sem uma passagem obrigatória por Paris. Foi com isto em mente que, enquanto o campo de férias do Bloco de Esquerda ensinava “a malta” pintar palavras de ordem em ráfia, o Sinédrio patrocinou uma viagem de instrução política a mim e ao distintíssimo Secretário Geral para a reeducação musical, Francisco.
Palmilhámos o Pigalle e Montmartre, bocejámos em Versailles (o Palácio da Pena é muito mais íntimo, cosy!), constipámo-nos nos Campos Elísios, sofremos com as tabelas de preços do Estado Social, confraternizámos com a comunidade lusa (faltou a arruada em Saint Maur como o Jorge Plácido e com o Litos e a entrevista à Radio Alfa) e observámos in loco o curioso costume local de atirar garrafas a agentes da autoridade.
Regressámos com a confirmação da nossa tese original: “Ils sont fous, ces Français!”


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À espera do nosso colar de cebolas. Reparem na forma revolucionária como Francisco colocou a sua boina. Antecipo-lhe um futuro boliviano.

Posted by Picasa
Aqui, ensaiávamos a pose de superioridade intelectual enquanto escutávamos uma sócia da Madame Edith do Allo Allo, em Montmartre

Haja decência

Evo Morales com o Ministro de Exteriores espanhol , Miguel Ángel

Carta aberta à mãe de Evo Morales, Presidente Eleito da Bolívia

Exma. Sra. Morales

É, já por si, difícil compreender a razão pela qual um homem adulto ainda recorre à sua mãe para lhe escolher a roupa. Mas as evidências estão todas presentes: a camisola tricotada pela avó, a camisa a sair pela gola, etc.
Devo, no entanto adverti-la para o facto que vestir um filho a caminho da 4ª classe não é o mesmo que vestir um Chefe de Estado.


Com os melhores cumprimentos


quarta-feira, janeiro 04, 2006

Sign me up

A Rússia fechou a torneira e a Ucrânia é capaz de ter sido apanhada com a boca no pipeline. A Europa tremeu e teme, mas Portugal parece ter olhado para o assunto com a uma curiosidade longínqua.
A opinião pública trata a questão energética como se vivêssemos em surplus, como se o nosso gás natural viesse de um buraco na rocha em Santa Maria da Feira. Ninguém repara que somos energéticamente dependentes da Argélia. Um Estado que a Freedom House apelida de “non free”, com sérios toques autocráticos, repleto de conflitos domésticos e, já por si, numa região instável.
Nunca, desde a iminente morte de Franco, a sucessão de um Chefe de Estado teve tantas implicações estratégicas para Portugal como a presente situação de debilidade de Abdelaziz Bouteflika, mas a opinião pública continua absorta.
Eu, por mim, junto-me ao Nuclear Fan Club.

Periférica

Depois de Londres e de Match Point, Woody allen escolheu Barcelona como próximo destino cinematográfico.
E porque não Lisboa? Sabe-se que Woody Allen está com dificuldades em encontrar financiamentos nos EUA, porque é que o “reino dos subsídios” não faz uma pequena demarche para um projecto em Lisboa?
Vá lá, sejamos sérios! Há uma diferença entre estar à rasca de financiamentos e ser artisticamente corruptível!
Depois de 20 anos de Europa, Lisboa ainda está bem mais perto de Istambul do que de Nova Iorque e continua a ser aquela pequena urbe triste, degradada, abandonada e vazia...
Para encontrar algum movimento urbano depois das 6 da tarde, Allen teria de ir on location para a Amadora e todos nós sabemos que nem a Scarlett Johansson consegue tornar a Reboleira sexy!
Depois de 20 anos de Europa o único filme que pode ter Lisboa como palco continua a ser A Caixa de Manoel de Oliveira.

terça-feira, janeiro 03, 2006

Leituras recentes e recomendadas

1) Michael Mandelbaum, The Ideas that Conquered the World, 2002.

2) Christopher Meyer, DC Confidential, 2005.

3) Mark Garnett and Philip Lynch, The Conservatives in Crisis, 2003.

4) W. G. Sebald, The Emigrants, 2002.

5) John Dumbrell, The Special Relationship, 2001.

6) Stephen F. Szabo, Parting Ways: The Crisis in German-American Relations, 2004.

segunda-feira, janeiro 02, 2006

A ler na Atlântico nº.10


«Os Poderes do Presidente e a Próxima Eleição Presidencial», Manuel de Lucena

Para percebermos a presença pantagruélica da astrologia na nossa sociedade: «Com as Cabeça Nas Estrelas», Leonardo Ralha

Para uma boa introdução ao tema do multiculturalismo: «Multiculturalismo como Ideologia e Política Pública», José Teixeira Fernandes

O olho táctico de Bernardo Pires de Lima e Henrique Burnay: dossier «A Direita e o Poder».

O melhor livro sobre a relação "atlântica"


Livro de artigos editado por T. Lindberg, da Policy Review. Destaque para os artigos de Peter Berkowitz e Walter Russell Mead. O artigo do editor – Tod Lindberg – pode ser encontrado no site da Policy Review. E, diga-se, é um artigo essencial e de vanguarda: o Ocidente, o We, mudou de significado. Já não representa apenas o Atlântico.