quinta-feira, maio 26, 2005

Para a Marta

Assim sou sem ti: tudo passa em vão no extremo de um inacabado círculo, incompleto planeta que menos se vê, nem o céu lhe assiste na íngreme descida sem destino ou deriva.
Agora, fica, digo, não vás, quando jamais irada a teu lado durmo qual sangue em que ferve o mundo. Quieto ser.
Talvez colhamos inteiro em seu tempo o fruto.
Hoje inamovível teu rosto enxuto, nunca morrente, em mim se eleva como o sol do meio-dia inclinando-se doce e suave nas asas de um anjo.

[Ana Marques Gastão, Nocturnos]