Descomplexado
Há muito que a Direita se devia abrir à sociedade civil. Parece um cliché mas é a pura das verdades. Não o faz, também, por incapacidades próprias.
Digo isto depois de ler o que o Paulo Mascarenhas escreve hoje: "Sendo o actual PS claramente social-democrata, parece-me óbvio que está aberto o caminho ao crescimento de um partido, como o CDS, naturalmente aberto a um espaço político mais alargado, com a participação de intelectuais e académicos independentes, que se assuma de Direita, liberal e conservadora, sem mais rebuços ou complexos".
Partilho da mesma percepção enunciada pelo Paulo. Isto é, existe um ambiente sombrio que mistura vergonha e fraqueza no campo da Direita liberal. Existe, efectivamente, um peso nos ombros de um jovem em assumir-se como sendo de Direita, liberal ou conservador. Existe uma enorme relutância em acreditar e dar a cara por um sólido projecto político que possa ocupar o espaço que cabe ao CDS (e não ao PP) e a boa parte do centro direita ocupado pelo PSD. Existe, ainda, uma confragedora apatia dos mais novos em discutir os assuntos políticos - ou mesmo projectos políticos de governo - caíndo-se, invariavelmente num discurso radical que tendencialmente reforça os extremos.
Atendendo aos dois fenómenos - apatia e radicalismo - a Direita liberal deve aproveitar a recentragem do PSD para marcar a agenda política. Para além disto deve apresentar, de vez, um projecto político de governação a médio prazo que cative e motive os desinteressados, os temporariamente desligados, ou os simplesmente desmotivados.
Deve saber ir ao encontro dos melhores quadros do país e não apenas de Lisboa. Deve saber motivar as pessoas para a política feita de modo civilizado (talvez seja um paradoxo, mas de qualquer forma não deixo de me bater por ela) e não abraçar assuntos fracturantes, que a Rua vai gritando, e fazer deles as suas bandeiras políticas e eleitorais. Deve, pelo contrário, marcar a agenda política.
Assim se vêem quais os partidos garantes de uma democracia consolidada e aqueles que nunca passarão de meros instrumentos populistas, amarrados à gritaria de rua e desenquadrados de um modelo democrático ocidental.
Sei, perfeitamente, que o jogo está, em muitos campos, à partida viciado. Tanto o centrão como o corporativismo estão enraizados em Portugal. O Estado é asfixiante e a vontade política escasseia. Para além disto, as vias de comunicação política sofrem invariavelmente deste quadro de interesses estabelecidos, tendo a esquerda - e crescentemente o Bloco - ocupado o espaço mediático e comunicacional. Também aqui a Direita devia refletir e deixar de se lamentar por não ter voz nos media. Agarre num projecto e faça dele a sua voz. Assumidamente.
Sei que este discurso pode parecer ambicioso. Pouco realista ou pretencioso. É capaz. De qualquer maneira prezo a liberdade de escrever o que me apetece e quando me apetece. E isto, meus caros, foi também uma conquista da Direita portuguesa.
Digo isto depois de ler o que o Paulo Mascarenhas escreve hoje: "Sendo o actual PS claramente social-democrata, parece-me óbvio que está aberto o caminho ao crescimento de um partido, como o CDS, naturalmente aberto a um espaço político mais alargado, com a participação de intelectuais e académicos independentes, que se assuma de Direita, liberal e conservadora, sem mais rebuços ou complexos".
Partilho da mesma percepção enunciada pelo Paulo. Isto é, existe um ambiente sombrio que mistura vergonha e fraqueza no campo da Direita liberal. Existe, efectivamente, um peso nos ombros de um jovem em assumir-se como sendo de Direita, liberal ou conservador. Existe uma enorme relutância em acreditar e dar a cara por um sólido projecto político que possa ocupar o espaço que cabe ao CDS (e não ao PP) e a boa parte do centro direita ocupado pelo PSD. Existe, ainda, uma confragedora apatia dos mais novos em discutir os assuntos políticos - ou mesmo projectos políticos de governo - caíndo-se, invariavelmente num discurso radical que tendencialmente reforça os extremos.
Atendendo aos dois fenómenos - apatia e radicalismo - a Direita liberal deve aproveitar a recentragem do PSD para marcar a agenda política. Para além disto deve apresentar, de vez, um projecto político de governação a médio prazo que cative e motive os desinteressados, os temporariamente desligados, ou os simplesmente desmotivados.
Deve saber ir ao encontro dos melhores quadros do país e não apenas de Lisboa. Deve saber motivar as pessoas para a política feita de modo civilizado (talvez seja um paradoxo, mas de qualquer forma não deixo de me bater por ela) e não abraçar assuntos fracturantes, que a Rua vai gritando, e fazer deles as suas bandeiras políticas e eleitorais. Deve, pelo contrário, marcar a agenda política.
Assim se vêem quais os partidos garantes de uma democracia consolidada e aqueles que nunca passarão de meros instrumentos populistas, amarrados à gritaria de rua e desenquadrados de um modelo democrático ocidental.
Sei, perfeitamente, que o jogo está, em muitos campos, à partida viciado. Tanto o centrão como o corporativismo estão enraizados em Portugal. O Estado é asfixiante e a vontade política escasseia. Para além disto, as vias de comunicação política sofrem invariavelmente deste quadro de interesses estabelecidos, tendo a esquerda - e crescentemente o Bloco - ocupado o espaço mediático e comunicacional. Também aqui a Direita devia refletir e deixar de se lamentar por não ter voz nos media. Agarre num projecto e faça dele a sua voz. Assumidamente.
Sei que este discurso pode parecer ambicioso. Pouco realista ou pretencioso. É capaz. De qualquer maneira prezo a liberdade de escrever o que me apetece e quando me apetece. E isto, meus caros, foi também uma conquista da Direita portuguesa.
2 Comments:
Muito bem.
O Pinto Mascarenhas n'O Acidental, o Henrique Burnay no Achoeu, a Maria José Nogueira Pinto sempre que é entrevistada, eu próprio no EpiCurtas, o Adelino Maltez no seu blog e tantos outros já falaram na necessidade de refundar a direita. Já falaram na necessidade de travar um combate cultural. Já falaram na necessidade de abrir a política à sociedade civil. Agora é só por mãos e cabeça à obra...
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