terça-feira, fevereiro 01, 2005

A mesma ladaínha

Leonel Jospin, ex-Primeiro ministro francês, esteve hoje em Lisboa num encontro com os membros do Clube do Chiado.
Num almoço entre socialistas, onde José Sócrates assumiu as particularidades portuguesas face às alianças de esquerda, Jospin virou-se para o tradicional discurso europeísta: "Penso que lançámos ideias para uma Europa mais voltada para a sua dimensão social e para as questões do emprego e do crescimento".
Sou europeu e europeísta. Acho extraordinário que no Continente onde se deram as mais tenebrosas guerras se tenha construído um espaço de prosperidade e paz que vai durando há cerca de cinco décadas. Mas acho que esta afirmação de Leonel Jospin incorre no mesmo erro de sempre: ao ter como objectivos exclusivos a dimensão social e o crescimento económico, a União Europeia descura um outro que, em última análise, permite que aqueles dois se desenvolvam com sucesso. Estou naturalmente a falar de uma política sustentada de Defesa e Segurança no espaço europeu.
Entendo que o processo de construção europeu se deveu, em muito, à parceria transatlântica sem a qual muitos dos seus sucessos não teriam sido possíveis. Defendo mesmo que sem os EUA não teríamos tido um processo europeu tão próspero. Isto porque foram os EUA que nos permitiram usufruir da garantia de segurança, o que proporcionou à Europa investir noutros modelos e mecanismos de poder que não a Defesa.
No entanto, não posso concordar com a repetida ideia, tão europeia, de concorrência face aos EUA. Não na Segurança. É um valor demasiado importante para guerrilhas de mercado.
Independente das crises - e estas existiram por diversas vezes antes do Iraque - a relação entre os dois lados do Atlântico tende a melhorar.
Também aqui Durão Barroso deve mostrar o que vale.