domingo, abril 10, 2005

Tédio borracheiro = “José quem?”

O tédio salazarento era uma morte lenta em que os portugueses estavam todos condenados a viver, calar e esperar. O tédio democrático do Governo Sócrates será como o bom tédio da vida real o genuíno; saudável; que ajuda a dar valor às coisas realmente excitantes deste mundo. Que bem que me saberia, na véspera das próximas legislativas, não me lembrar se o Governo tinha sido bom ou mau! Aliás, nem sequer fazer ideia. Adoraria. Perguntaria à minha mulher e o que ela dissesse, pronto, aceitaria cegamente. Coisa que nunca faço nem fiz. Mas - lá está - são as vantagens do tédio democrático. E falo com o mero turista que sou. "Querida", direi eu quando tiver chegado à última página do Spectator, "desculpa interromper a tua leitura - mas, como amanhã tenho de votar, tens ideia se este Governo do Sócrates que agora acaba foi bom, aceitável ou mau?" O mais provável seria ela pensar um bocadinho e dizer "Ai, querido, se queres que te diga, também não sei Como era o nome do primeiro-ministro?" Não há melhor sinal que terá sido um bom Governo.”
Miguel Esteves Cardoso, "Bendito Tédio", DN

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

A faineant government is not the worst government that England can have. It has been the great fault of our politicians that they have all wanted to do something.

Phineas Finn

(obrigado ao Café Hayek)

12:01 da manhã  

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