Três almas para um corpo europeu
Neste momento de impasse, a Europa hesita entre três concepções de política externa:
(1) A concepção francesa: um mundo multipolar. Os franceses são incapazes de sair no cliché do realismo puro. E, aqui, a influência nem sequer é 1789. A grande matriz é Richelieu. É Talleyrand. É o velho cinismo. É o aristocrático secretismo palaciano. Parece que os franceses ainda não perceberam que vivemos, aqui no Ocidente, num mundo constitucional e democrático. Por isso, não vêem problemas numa aliança com a Rússia e com a China, desde que isso possibilite o contrabalançar do poder americano. Perigosa concepção (a França está a brincar numa categoria que não é a sua). Infame concepção (a França coloca uma lógica de Poder puro acima dos laços demo-liberais).
(2) A concepção alemã: uma jurisdição universal. A tese dos Habermas. O velho monismo germânico projecta-se, desta vez, no mundo inteiro. Os alemães continuam a pensar que existe um único princípio com a capacidade de ordenar a pluralidade conflituosa do mundo. O eterno problema da Alemanha.
Mais: como é que essa jurisdição universal, baseada na ONU, poderia ser implementada no terreno? Ora, só há direito positivo quando existe um Leviatã. Portanto, na sombra da Utopia, encontramos o sonho do estado mundial...
(3) A concepção britânica: uma Europa constituída por democracias liberais (já com a Turquia), em aliança directa com os EUA, Austrália, Canadá, Índia, África do Sul, Chile, Brasil, México, Japão, Filipinas. Uma aliança na defesa dos valores do cosmopolitismo.
(1) A concepção francesa: um mundo multipolar. Os franceses são incapazes de sair no cliché do realismo puro. E, aqui, a influência nem sequer é 1789. A grande matriz é Richelieu. É Talleyrand. É o velho cinismo. É o aristocrático secretismo palaciano. Parece que os franceses ainda não perceberam que vivemos, aqui no Ocidente, num mundo constitucional e democrático. Por isso, não vêem problemas numa aliança com a Rússia e com a China, desde que isso possibilite o contrabalançar do poder americano. Perigosa concepção (a França está a brincar numa categoria que não é a sua). Infame concepção (a França coloca uma lógica de Poder puro acima dos laços demo-liberais).
(2) A concepção alemã: uma jurisdição universal. A tese dos Habermas. O velho monismo germânico projecta-se, desta vez, no mundo inteiro. Os alemães continuam a pensar que existe um único princípio com a capacidade de ordenar a pluralidade conflituosa do mundo. O eterno problema da Alemanha.
Mais: como é que essa jurisdição universal, baseada na ONU, poderia ser implementada no terreno? Ora, só há direito positivo quando existe um Leviatã. Portanto, na sombra da Utopia, encontramos o sonho do estado mundial...
(3) A concepção britânica: uma Europa constituída por democracias liberais (já com a Turquia), em aliança directa com os EUA, Austrália, Canadá, Índia, África do Sul, Chile, Brasil, México, Japão, Filipinas. Uma aliança na defesa dos valores do cosmopolitismo.
Paulo de Carvalho, "E Depois do Adeus"
1 Comments:
Caro Henrique,
confesso que fico supreso com o vosso entusiasmo (não só do Henrique mas de outros sinédrios) relativamente à adesão da Turquia.
Relativamente a este assunto, que admito não ter ainda opinião 100% formada e ser portanto susceptivel de mudança, a minha inclinação natural, e caso seja referendado será a minha opinião, é a de não aceitar a integração da Turquia na UE.
O Henrique, melhor que eu pela sua formação, basta uma pequena análise histórica das relações entre a europa e o a turquia(ou o que foi o Império Otomano) para perceber que, em grosso modo, não foi e não é uma relação totalmente pacífica. É que as diferenças, e por muito que se queira ser politicamente correcto é impossivel não reparar, são abismais. Com a Turquia estamos a entrar num "universo diferente".
Admito que em algumas das principais cidades, caso de Istambul ou Ankara, se note alguma semelhança com a europa (possivelmente apenas uma pequena camada superficial e imposta), mas no grosso da populaçãos e dos costumes à muito pouco de europeu, e dificilmente existirá algo.
Existe a ideia de que a entrada de certos países para a europa oos poderá modernizar e pacificar, sendo para isso a europa a solução para todos os males, então proponho a entrada não só da Turquia, como do Kazaquistão, Uzbequistão, Turkemenistão, Afeganistão ou Pakistão, e assim ainda resolver problemas a nível mundial.
Relativamente a este assunto apenas dizer que mais europeu que a Turquia é a Russía, a Ucrânia, a Bielorussía e até me atrevo a dizer "Israel" já que vale tudo.
Pode-se sempre utilizar aqueles argumentos geo-estratégicos, e de controlo de oleodutos e gasodutos, pressões americanas, entre outros, mas a meu ver, a europa de 15 já ra difícil de governar, mais 10 vai ser uma animação, mais os outros que vierem um pagode, junta-se os Turcos e ve-se o que dá. É lançar demasiada lenha para a fogueira, a ver o que dá. Não vale a pena ter mais olhos que barriga.
PS: se for na lógica de mercado em que o que interessa é os consumidores e aumentar o mercado, sempre são mais 67 milhões, apesar de para mim pouco valer.
Sempre aberto a debater o assunto e possivelmente a modificar a minha opinião (faltam, como em quase todos os assuntos suficiente informação9, um abraço,
Francisco Dias Costa
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