segunda-feira, janeiro 23, 2006

Já vou lixar a linha editorial do blog!

O Pedro Mexia, há uns tempos atrás, falou do carácter foleiro do sexo literário português e deixou-me a pensar. Acabei por chegar à conclusão que não é só a qualidade da prosa que dá um contributo foleiro, é o próprio vocabulário português que não é amigo do sexo literário.
Bocage safava-se porque, na altura, podia-se deixar as coisas subentendidas, mas o leitor contemporâneo não tem paciência para silogismos e quer qualquer coisa mais explícita. Só que o emprego de vocábulos gráficos como “perpúcio”, “genitália” ou “escroto” são ainda piores do que os wannabe Bocage que recorrem a eufemismos arrepiantes como “monte de vénus” e as clássicas referências a parafernália de combate a fogos.
Por exemplo, no filme Point BreakRuptura Explosiva há uma personagem que diz: “young, dumb and full of cum” e o tradutor optou uma qualquer solução púdica como “jovem, burro e cheio de genica”.
Isto é obviamente foleiro, mas imagine-se a tradução literal.

1 Comments:

Blogger Victor Lazlo said...

Bem visto. Mas o tradutor podia, ainda assim, ter optado algo mais literal que "genica": Aqui ficam alguns exemplos:
"jovem, burro e com os testículos cheios".

Ou então, aproveitava a poesia inerente ao "dumb/cum" da seguinte forma:
"jovem, paspalho e só pensa em c*".

5:14 da tarde  

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