terça-feira, janeiro 31, 2006

3 anos e meio

Há muito tempo que não escrevia no blog.
Confesso que me tem faltado "pachorra" para a realidade portuguesa. Logo, não me apetece escrever, ler ou mesmo pensar.
Há um ano que não se fala de outra coisa que não das presidenciais (com excepção do futebol, claro). E ainda hoje se fala e escreve. E as eleições já passaram!
Que há um movimento de cidadania.
Que os cidadãos têm poder.
Que Alegre é a renovação dos partidos políticos.
Que Cavaco Silva é um perigo para a democracia pois quer governar a partir de Belém.
Que Socrates vai ter vida dificil.
Que vem ai a instabilidade.
Que vai surgir um novo movimento civico que fará tremer os políticos e os partidos.
Blá, blá, blá
Tudo imaginação, ou falta de capacidade para compreender o que é básico na lógica das coisas políticas.
E tudo é muito mais simples do que parece e resume-se a uma frase: vamos viver 3 anos e meio de tranquilidade política.
Alegre não existe (de resto, nunca existiu)
Os cidadãos não existem, como nunca existiu a cidadania na nossa tradição pública. Logo, não há movimento civico (quanto muito um foclore que dura uns 2 ou 3 meses)
O Prof. Cavaco Silva não é nenhum perigo para a democracia nem quer governar a partir de Belém. Não quer porque é um homem com sentido de Estado e percebe a particularidade do momento que o País atravessa. Mas também não pode pode.
Na verdade ninguém quer instabilidade. Nem o PS (a parte deste que verdadeiramento conta), nem o PSD, nem mesmo o Bloco de Esquerda (cuja meta é de médio prazo, ou seja, daqui a 3 anos e meio). Nem os empresários, nem a banca, nem a comunicação social, nem os sindicatos, nem os "opinion makers".
Talvez queira o PCP e a Intersindical, mas esses também já não existem.
Assim, vamos ter 3 anos e meio de "cidadania tranquila".
Pois isto só voltará a ser a sério uns meses antes das próximas eleições legislativas.
Até lá tudo é pura perda de tempo.