Ladies night
O ambiente é tenso, mil mulheres povoam a sala com o seu perfume. Todas esperam a atracção da noite, “um homem como nos velhos tempos”, “sedutor”, o marialva que não as deixaria sair do Minipreço sem um piropo e um picar de olho:
“Vejo a menina Rosa e só me apetece ir comprar peitinhos de frango!”
Num espaço apinhado de fêmeas, Pedro está no seu ambiente natural. A febre que o afastou da campanha e de assuntos de Estado é esquecida. Pedro lembra-se de melhores anos capilares, das noites no Trumps, onde uma camisa branca e um bronzeado forçado faziam o furor. Noites onde tudo era mais fácil. Aquele ambiente familiar, o porteiro íntimo a quem dava um aperto de mão e um sorriso comprometedor, como quem diz: “Já sabes que isto hoje vai render para o meu lado”
Hoje é um regresso aos palcos onde nunca falhou, onde sempre esteve à altura das expectativas e as sondagens só lhe podem ser favoráveis. Entre as mulheres desperta em Pedro o seu killer instinct. O peito enche, tempo para um afagar do cabelo para trás, um sorriso matreiro e aquele passo certo de check it out ao ambiente.
Face a este público, a tribuna é para Pedro como um palco para Jim Morrison, espaço para a sedução, para o deleite da audiência, e “talvez não vá sozinho para casa”.
Pedro conhecia a rotina, sabia como conquistar a sala, estava no seu meio natural. Vila Verde é sua. Transfigura-se, fala do que se passa lá fora, no estrangeiro, onde homossexuais corrompem a estrutura familiar nuclear pelo casamento e adopção de crianças. Assusta a sala com a possibilidade de isso acontecer por cá. Fala de socialistas, comunistas e extremistas como prevaricadores da família e da moral. Rejeita caluniar os seus adversários, e assume o seu fair play político: "nunca ofendi nenhum adversário político, nunca respondi, nem respondo, à calúnia com a calúnia, mas se querem entrar pelo conhecimento público desses lados da vida de cada um, só quero dizer que estou inteiramente à vontade".
Chega o clímax, Pedro é um homem a sério, não diz publicamente o que pensa porque tal seria imoral, mas, perante os jornalistas, não se enjeita a deixar cair que “o outro candidato [José Sócrates] tem outros colos. Estes colos sabem bem". Por uma noite a sala é sua e até se pode dar ao luxo de dizer que: "A mim podem virar-me ao contrário e esvaziar-me os bolsos. Não tenho casa própria nem carro e não sou um bom partido". A audiência feminina sabe que não é assim, que este é um homem às direitas que vai salvar Portugal da corrupção moral. Ninguém se lembra de que em tempos passados existia um critério censitário para a eleição para cargos públicos. Em parte, a lógica era que quem não sabia administrar os seus bens pessoais e criar fortuna, não poderia tocar no Erário Público, mas nessa noite ninguém queria saber disso. Afinal, era Pedro, “do tempo em que os homens escolhiam as mulheres para suas companheiras", que ama e seduz o mulherio com artes de tempos esquecidos.
“Vejo a menina Rosa e só me apetece ir comprar peitinhos de frango!”
Num espaço apinhado de fêmeas, Pedro está no seu ambiente natural. A febre que o afastou da campanha e de assuntos de Estado é esquecida. Pedro lembra-se de melhores anos capilares, das noites no Trumps, onde uma camisa branca e um bronzeado forçado faziam o furor. Noites onde tudo era mais fácil. Aquele ambiente familiar, o porteiro íntimo a quem dava um aperto de mão e um sorriso comprometedor, como quem diz: “Já sabes que isto hoje vai render para o meu lado”
Hoje é um regresso aos palcos onde nunca falhou, onde sempre esteve à altura das expectativas e as sondagens só lhe podem ser favoráveis. Entre as mulheres desperta em Pedro o seu killer instinct. O peito enche, tempo para um afagar do cabelo para trás, um sorriso matreiro e aquele passo certo de check it out ao ambiente.
Face a este público, a tribuna é para Pedro como um palco para Jim Morrison, espaço para a sedução, para o deleite da audiência, e “talvez não vá sozinho para casa”.
Pedro conhecia a rotina, sabia como conquistar a sala, estava no seu meio natural. Vila Verde é sua. Transfigura-se, fala do que se passa lá fora, no estrangeiro, onde homossexuais corrompem a estrutura familiar nuclear pelo casamento e adopção de crianças. Assusta a sala com a possibilidade de isso acontecer por cá. Fala de socialistas, comunistas e extremistas como prevaricadores da família e da moral. Rejeita caluniar os seus adversários, e assume o seu fair play político: "nunca ofendi nenhum adversário político, nunca respondi, nem respondo, à calúnia com a calúnia, mas se querem entrar pelo conhecimento público desses lados da vida de cada um, só quero dizer que estou inteiramente à vontade".
Chega o clímax, Pedro é um homem a sério, não diz publicamente o que pensa porque tal seria imoral, mas, perante os jornalistas, não se enjeita a deixar cair que “o outro candidato [José Sócrates] tem outros colos. Estes colos sabem bem". Por uma noite a sala é sua e até se pode dar ao luxo de dizer que: "A mim podem virar-me ao contrário e esvaziar-me os bolsos. Não tenho casa própria nem carro e não sou um bom partido". A audiência feminina sabe que não é assim, que este é um homem às direitas que vai salvar Portugal da corrupção moral. Ninguém se lembra de que em tempos passados existia um critério censitário para a eleição para cargos públicos. Em parte, a lógica era que quem não sabia administrar os seus bens pessoais e criar fortuna, não poderia tocar no Erário Público, mas nessa noite ninguém queria saber disso. Afinal, era Pedro, “do tempo em que os homens escolhiam as mulheres para suas companheiras", que ama e seduz o mulherio com artes de tempos esquecidos.
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