segunda-feira, fevereiro 07, 2005

Quem estiver de acordo que vote!

Aqui coloquei à vista dos interessados as propostas do PCP em matéria de política externa e defesa para Portugal. Afirmei mesmo que quem estivesse de acordo que fizesse o favor de votar nos comunistas. De qualquer forma a posição do PC não é nova nesta área. Aliás, nada é novo no PCP.
Em relação ao Bloco de Esquerda, que não se apelida de partido - eu, por mim, prefiro chamá-lo de "promotora de eventos" - apenas consagra no seu programa eleitoral, no que toca às mesmas áreas da governação do Estado, o seguinte:

«Todas as forças militarizadas portuguesas devem ser retiradas e devem cessar qualquer colaboração política ou militar com a ocupação do Iraque».
Esta é, aliás, a 7ª de dez medidas imediatas que o Bloco se propõe a cumprir se for Governo.
Num país em reconstrução onde um governo legítimo foi alvo de um escrutínio eleitoral recente, o papel de Portugal no mundo deve ser, para a esquerda radical portuguesa, de demissão das suas responsabilidades em função de um argumento eleitoralista, populista e pseudo-pacífista.

Continuemos:


«A atitude de Portugal nesta Europa deve ser a de um actor europeu convicto que se bate por uma Europa forte porque sabe cuidar dos seus e é um exemplo de Paz num mundo envolvido em guerras.
Por isso mesmo, a retirada das forças da GNR do Iraque e a defesa da auto-determinação democrática deste país contribuem para uma política europeia de paz, baseada no direito internacional e na rejeição da guerra.
A condição para esta refundação democrática é o chumbo do Tratado que institui uma Constituição para a Europa.
Em qualquer dos domínios acima referidos, a proposta de tratado é péssima».

E ainda:

«Finalmente, contra uma Europa atlantista, subsidiária da lei do mais forte, é necessária uma Europa que não consuma recursos na corrida aos armamentos e que oponha à lógica da guerra preventiva, uma estratégia de associação económica e política com os espaços regionais que no Mundo têm interesse
em relações comerciais mais justas, que contribuam para o desenvolvimento humano e não para a multiplicação da pobreza e das desigualdades».

O espaço que o Bloco consagra à política externa portuguesa diz apenas respeito à União Europeia. Em pouco mais de quatro páginas - maioritariamente de bota abaixo - o Bloco acha que isto são linhas de política externa para um Estado em pleno século XXI. Lamento desiludir mas o Bloco não faz ideia do que Portugal deve ser no mundo. Quais as suas linhas de acção externas e como se revela a grandeza de um país com a dimensão do nosso. É uma catadupa de argumentos demagógicos, sem qualquer sentido de Estado num programa eleitoral de um "partido" que quer ser poder.
Isto demonstra a ignorância quanto aos vectores de continuidade do Portugal democrático, que se pautaram pela NATO e pela UE, e que tantos frutos nos deram.
Já sabemos que o Bloco é contra a NATO. Aliás o Bloco é contra tudo. Daí não surpreender que nem uma referência se faça à Aliança Atlântica no seu programa eleitoral.

Quem estiver de acordo com este triste programa faça o favor de votar no Bloco de Esquerda.