Kennan ou Wohlstetter?
George Kennan morreu. Paz à sua alma. Mas, com todo o devido respeito, a doutrina da contenção era demasiado optimista. Por duas razões:
Primeira: tal como Popper, Kennan pressupunha que o Comunismo desmoronar-se-ia a partir do interior. Afinal, era uma mentira, um emplastro sem cotação na realidade. Certo. Mas uma fantasia ideológica não precisa do real. É uma verdade interna. Tem algo de épico na forma como despreza a realidade histórica. Por outras palavras, a queda do comunismo não era inevitável. Não há inevitabilidades na História (mesmo que essas inevitabilidades pressagiem qualquer coisa de grandioso como a queda do comunismo). Se Reagan não tivesse realizado o “Roll Back”, a URSS ainda hoje poderia estar de pé. Olhe-se para a cronologia: na década de 70, a guerra-fria estava a pender para o outro lado (Portugal esteve ou não na fila para o autocarro marxista em 1975?); no início de 1989, os especialistas afirmavam que a URSS sobreviveria por mais algumas décadas.
Segunda: não encarava, com a devida seriedade, a possibilidade de um ataque nuclear soviético. A ideia de que uma guerra termonuclear não pode acontecer é, em si mesma, optimista e ingénua. O “MAD” assenta numa concepção excessivamente racionalista da condição humana. Concebe todos os regimes de forma idêntica, como se todos os líderes “pensassem” de forma racional e com objectivos de auto-preservação. Um líder de um poder ideológico não procura a preservação do seu país (História dos homens) mas sim a solução salvífica para o mundo (fantasia ideológica do HOMEM). A sua epistemologia é, portanto, diferente do racionalismo demo-liberal. Nesta forma de ver o mundo, uma guerra nuclear até pode ser encarada como uma etapa no caminho redentor em direcção ao Homem Novo. Nem sequer seria um mal menor. Se Stalin tivesse sido um "profeta armado" como Lenine, teria resistido ao uso da Bomba? Alguém aposta na hipótese optimista? Mais: a teoria da contenção teria resultado com Hitler? Nunca. Se o traste de bigode tivesse alcançado a BOMBA (não esquecer: os grandes artífices da arma em questão eram alemães), os aliados teriam de recorrer à mesma arma para destruir "o" Tirano. Trágico? Claro. É essa a noção condição. Os gregos sabiam... Cristo e Marx têm distraído as massas e os intelectuais da nossa Era.
Já agora, sabem qual é o imperativo estratégico do Irão revolucionário? Resposta: destruir Israel. Impossível? Pois… o 11/9 também “era” impossível. O Holocausto também “foi” impossível. O Gulag “nunca” aconteceu. Pol Pot "é" uma nota de rodapé (convém: Chomsky apoiou o tipo…). Estamos sempre à procura de maneiras para fugir à realidade. Como dizia H. Arendt, nunca procuramos a reconciliação com o mundo onde estas coisas acontecem.
Estas tiradas são baseadas na obra de um estratega injustamente esquecido: Albert Wohlstetter, o grande adversário da realpolitik de Kissinger e do realismo jeffersoniano de Kennan. Se queremos perceber Paul Wolfowitz, então, temos de ler Wohlstetter. O "preemptive strike" já lá estava.
Primeira: tal como Popper, Kennan pressupunha que o Comunismo desmoronar-se-ia a partir do interior. Afinal, era uma mentira, um emplastro sem cotação na realidade. Certo. Mas uma fantasia ideológica não precisa do real. É uma verdade interna. Tem algo de épico na forma como despreza a realidade histórica. Por outras palavras, a queda do comunismo não era inevitável. Não há inevitabilidades na História (mesmo que essas inevitabilidades pressagiem qualquer coisa de grandioso como a queda do comunismo). Se Reagan não tivesse realizado o “Roll Back”, a URSS ainda hoje poderia estar de pé. Olhe-se para a cronologia: na década de 70, a guerra-fria estava a pender para o outro lado (Portugal esteve ou não na fila para o autocarro marxista em 1975?); no início de 1989, os especialistas afirmavam que a URSS sobreviveria por mais algumas décadas.
Segunda: não encarava, com a devida seriedade, a possibilidade de um ataque nuclear soviético. A ideia de que uma guerra termonuclear não pode acontecer é, em si mesma, optimista e ingénua. O “MAD” assenta numa concepção excessivamente racionalista da condição humana. Concebe todos os regimes de forma idêntica, como se todos os líderes “pensassem” de forma racional e com objectivos de auto-preservação. Um líder de um poder ideológico não procura a preservação do seu país (História dos homens) mas sim a solução salvífica para o mundo (fantasia ideológica do HOMEM). A sua epistemologia é, portanto, diferente do racionalismo demo-liberal. Nesta forma de ver o mundo, uma guerra nuclear até pode ser encarada como uma etapa no caminho redentor em direcção ao Homem Novo. Nem sequer seria um mal menor. Se Stalin tivesse sido um "profeta armado" como Lenine, teria resistido ao uso da Bomba? Alguém aposta na hipótese optimista? Mais: a teoria da contenção teria resultado com Hitler? Nunca. Se o traste de bigode tivesse alcançado a BOMBA (não esquecer: os grandes artífices da arma em questão eram alemães), os aliados teriam de recorrer à mesma arma para destruir "o" Tirano. Trágico? Claro. É essa a noção condição. Os gregos sabiam... Cristo e Marx têm distraído as massas e os intelectuais da nossa Era.
Já agora, sabem qual é o imperativo estratégico do Irão revolucionário? Resposta: destruir Israel. Impossível? Pois… o 11/9 também “era” impossível. O Holocausto também “foi” impossível. O Gulag “nunca” aconteceu. Pol Pot "é" uma nota de rodapé (convém: Chomsky apoiou o tipo…). Estamos sempre à procura de maneiras para fugir à realidade. Como dizia H. Arendt, nunca procuramos a reconciliação com o mundo onde estas coisas acontecem.
Estas tiradas são baseadas na obra de um estratega injustamente esquecido: Albert Wohlstetter, o grande adversário da realpolitik de Kissinger e do realismo jeffersoniano de Kennan. Se queremos perceber Paul Wolfowitz, então, temos de ler Wohlstetter. O "preemptive strike" já lá estava.
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