quinta-feira, abril 14, 2005

Beethoven: um pingo de Deus

Não acredito em Deus. Melhor: sou agnóstico (o ateísmo também é uma fé). Mas, por vezes, tenho a impressão que Deus deixa cair um pouco de si. Para estes pingos de Deus inventámos um nome: “Arte”. Quando vejo um filme do Leone com a música do Morricone, sinto-me esmagado. Deus olha para o mundo da mesma forma que Leone olhava para um duelo ao pôr do sol.

Mas, o maior pingo de Deus é Beethoven. Se Deus, algum dia, usar da palavra, falará pela música de Beethoven. A “quinta” é a voz de Deus. Está lá tudo. Arrebatamento e o seu oposto: Melancolia. Ou seja, a “quinta” assenta na única dimensão que é exclusivamente humana: o recomeço, a redenção, a cura, isto é, a passagem da Melancolia para o Arrebatamento.

Schopenhauer dizia (já não sei onde) qualquer coisa como isto: se o mundo acabar, só uma coisa ficará a pairar no vazio - a “nona”. (Só trocava a “nona” pela quinta).

Portanto, vamos lá invadir o CCB. Os bilhetes são baratos. Se alguém quiser ser ungido pelo líquido divino, passe por lá. Quando as sinfonias de Beethoven estão no ar, “Deus” escreve-se com uma colcheia ou com uma clave de sol.

1 Comments:

Blogger AA said...

Beethoven: "the immortal God of Harmony" -- referindo-se a Bach... :)

12:04 da manhã  

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