segunda-feira, junho 27, 2005

Zimbabwe, tabu? Nem por isso...

Caro Henrique, não compreendo porque haverá um tabu em discutir o quotidiano político do Zimbabwe. Será porque o alvo recorrente de Mugabe é a classe latifundiária branca? Não me parece. Ainda que essa seja a imagem mediática a que mais temos acesso, a realidade local comprova que a autocracia política e económica não é discriminatória.
A personalização, eterna, do poder político, a recorrente obliteração de qualquer fachada democrática e a repressão continuada não escolhe alvos preferencias.
Devemos esconder o regime monolítico (talvez paleolítico) de Mugabe por detrás da cortina de veludo das nossas reticências pós-colonialistas? Não, porque, pessoalmente, essa cortina perdeu-se algures no trespasse geracional. Em Democracia Liberal não há tabus e a única escolha preferencial é a Liberdade. Burke dixit e a minha consciência democrática o dita.
A redundante fórmula crítica de qualquer expressão opinativa ocidental face a regimes africanos corruptos e repressivos, afirma qualquer coisa como: “temos a obrigação de não exportar as nossas concepções políticas ocidentais e paternalistas para antigos espaços coloniais”. Deontologicamente recuso-me a repeti-la na Harare de Ian Smith ou de Robert Mugabe. Há limites morais para o cinismo e eu sei que tu os partilhas comigo.
Um grande abraço

2 Comments:

Blogger Henrique Raposo said...

Não estava a falar do Sinédrio. Estava a falar do ar do tempo em geral. Mas ainda bem que resolveste desenvolver o tema. Não quis escrever nada porque iria repetir um tema que já aqui debati: o “racismo altruísta” de boa parte dos ocidentais(Tunhas), o “orientalismo invertido” (Buruma).

E gosto muito quando citas Burke…

Um grande abraço.

10:12 da manhã  
Blogger Gonçalo Curado said...

Eu também não estava a falar do Sinédrio. Como tu, também tenho notado algumas reticências em tocar nestes casos e acho que fizeste bem em ir buscar o argumento.
Amanhã, café com os 3 antes do "É a cultura..."?

Um abraço

12:23 da tarde  

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