O Tic Tac IranianoII
Assim chegamos ao Persian Puzzle, decorrente do trabalho do autor como director do Saban Center for Middle East Policy da Brookings Institution e da sua óbvia tentativa de “limpeza de imagem” (é engraçado ver como o caso Iraquiano e a sua anterior análise estão ausentes desta obra- uma autêntica “Containment Op” à la CIA).
Qual é, então, o real valor desta obra? Mais de metade do livro não versa sobre o actual estado das relações EUA-Irão, mas sobre o seu passado histórico. E aí é que está o superior contributo de Pollack. Partindo de uma profunda análise do passado recente da política externa iraniana e, em especial, o seu relacionamento com os EUA, o Persian Puzzle é historicamente sustentado.
Numa lógica que nasce da deposição de Massaddeq em 1953 e da queda do Xá até ao ataque às sauditas Torres Khobar, passando pelo caso Irão-contra (tenho de confessar que aqui saltei um ou dois capítulos), Pollack introduz a sua original tese de “dois relógios” da política ocidental face ao Irão: o de transição democrática e o nuclear. Na sua lógica histórica e dada a tradicional animosidade entre os EUA e Irão, o relógio nuclear leva um considerável avanço face ao de incentivos democratizantes. Aqui, Pollack é ainda mais original: mais do que suster o tic tac nuclear, o objectivo central será adiantar o democrático.
Se face a um Irão nuclear só uma política sustentada e multilateral poderá resultar, a solução não passará nunca por uma intervenção militar. A estratégia americana “não passará por F 16, helicópteros Apache, ou Marines, mas por vistos, bolsas de estudo e doações para organizações femininas”.
A proposta de Kenneth é multilateral no sentido clássico e assume um papel para a Aliança Atlântica, onde a lógica carrots-sticks terá de ser alternada entre a Europa e os EUA. A própria presença diplomática da Europa trará legitimidade a uma política que não pode ser minada pela histórica desconfiança do Irão face aos EUA. O soft power jogará, assim, um papel fulcral na contenção de um Irão nuclear e no patrocínio de um Irão democrático, enquanto que o hard power, na sua vertente militar, só poderá ser utilizado em caso de extrema necessidade. Uma adaptação da estratégia de intervenção para o Iraque ao caso iraniano seria, aos olhos de Pollack, um erro crucial que não só minaria, definitivamente, a credibilidade internacional dos EUA, como teria séria repercussões em qualquer estratégia para o Grande Médio Oriente e Norte de África (conflito israelo-palestiniano incluído).
Qual é, então, o real valor desta obra? Mais de metade do livro não versa sobre o actual estado das relações EUA-Irão, mas sobre o seu passado histórico. E aí é que está o superior contributo de Pollack. Partindo de uma profunda análise do passado recente da política externa iraniana e, em especial, o seu relacionamento com os EUA, o Persian Puzzle é historicamente sustentado.
Numa lógica que nasce da deposição de Massaddeq em 1953 e da queda do Xá até ao ataque às sauditas Torres Khobar, passando pelo caso Irão-contra (tenho de confessar que aqui saltei um ou dois capítulos), Pollack introduz a sua original tese de “dois relógios” da política ocidental face ao Irão: o de transição democrática e o nuclear. Na sua lógica histórica e dada a tradicional animosidade entre os EUA e Irão, o relógio nuclear leva um considerável avanço face ao de incentivos democratizantes. Aqui, Pollack é ainda mais original: mais do que suster o tic tac nuclear, o objectivo central será adiantar o democrático.
Se face a um Irão nuclear só uma política sustentada e multilateral poderá resultar, a solução não passará nunca por uma intervenção militar. A estratégia americana “não passará por F 16, helicópteros Apache, ou Marines, mas por vistos, bolsas de estudo e doações para organizações femininas”.
A proposta de Kenneth é multilateral no sentido clássico e assume um papel para a Aliança Atlântica, onde a lógica carrots-sticks terá de ser alternada entre a Europa e os EUA. A própria presença diplomática da Europa trará legitimidade a uma política que não pode ser minada pela histórica desconfiança do Irão face aos EUA. O soft power jogará, assim, um papel fulcral na contenção de um Irão nuclear e no patrocínio de um Irão democrático, enquanto que o hard power, na sua vertente militar, só poderá ser utilizado em caso de extrema necessidade. Uma adaptação da estratégia de intervenção para o Iraque ao caso iraniano seria, aos olhos de Pollack, um erro crucial que não só minaria, definitivamente, a credibilidade internacional dos EUA, como teria séria repercussões em qualquer estratégia para o Grande Médio Oriente e Norte de África (conflito israelo-palestiniano incluído).
O mais engraçado é que tudo isto está concentrado no último parágrafo. Os outros 12 são de resenha histórica.
Tal como no caso da sua obra precedente, só o futuro próximo julgará o Persian Puzzle de Pollack e os seus relógios. Entretanto, tic tac tic tac…
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