"The time for diplomacy is now."
A nova Secretária de Estado norte-americana, Condoleezza Rice, inicia hoje um périplo diplomático que a levará do Cairo ao Luxemburgo. Colin Powell nunca foi o estrito diplomata, sempre preferiu confiar nas novas tecnologias e conduzir a política externa americana pelo e-mail, telefone ou videoconferência. Se o seu peso e passado militar foi importante em momentos chave como o seu discurso na ONU, a sua relutância em conduzir uma diplomacia vis-avis terá, em parte, minado a sua performance.
As novas tecnologias podem ser úteis para o reforço de contactos previamente acordados ou para tratar de questões menores e urgentes, mas para sustentar coligações e suster crises a diplomacia in loco é essencial. Ainda que, nos momentos finais, do seu mandato à frente do State Department, Powell tenha estado mais activo na busca de soluções para a Ucrânia e para o Sudão, não conseguiu, contudo apagar a imagem do diplomata atípico e reservado.
Condoleezza Rice procurará reatar a velha prática e promover uma estreita parceria transatlântica. E, cima da mesa, tanto no Cairo como em Bruxelas, Paris ou Roma estarão dois temas fulcrais para a Aliança Atlântica: uma solução de dois Estados para o conflito israelo - palestiniano e a resposta à questão nuclear iraniana. A agenda EU-3 (Grã-Bretanha, França e Alemanha) para o Irão necessita desesperadamente do reforço americano e o desenlace para a questão israelo-palestiniana tem de funcionar pelo consenso transatlântico. Foi salutar ver o Presidente Bush prometer, no State of the Union Address, 350 milhões de dólares para o patrocínio de um Estado Palestiniano. Também a China e a Coreia do Norte se podem habilitar a um lugar na discussão, mas o mais importante a apontar é a disponibilidade diplomática de Rice.
Em vez de se resumir a uma viagem ao Cairo para a conferência sobre o Médio Oriente ou a uma passagem pelas capitais do Estados tradicionalmente pró-americanos como a Polónia ou a Grã-Bretanha, a nova Secretária de Estado vai também a Ankara, a Paris e a Berlim. À saída de Washington, Rice terá perguntado aos jornalistas se traziam os seus atlas, pois "we're going to travel a lot, and I wouldn't want anyone to feel lost."
Rice não é o militar condecorado e reservado que é Powell, é uma académica, especializada em questões estratégicas tão europeias como a contenção da Rússia Imperial e da União Soviética. A sua especial proximidade com o Presidente Bush eliminará as dúvidas que transpareciam com Powell e espera-se que o seu discurso em Paris, na quarta-feira, seja mais um passo para a pacificação da relação transatlântica. Como a própria disse na sua audiência de confirmação, “the time for diplomacy is now”.
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