Erótico vs. Porno
Não posso deixar de reproduzir o que o meu caro Camarada Francisco escreveu acerca do meu post “Bees do it. Birds do it. Playboy helps out a lot…”:
“Gonçalo,
quando apareceu a parabólica passámos também a ter acesso aos filmes didácticos da RTL. Hoje, um pai distrai-se, e tem o seu filho de 6 anos a lambuzar-se com as duplas penetrações do canal 18, ainda por cima, primariamente dobrado em castelhano. Já não há filmes eróticos com alguma história. Hoje, só há pornografia pura e dura. Daí a necessidade da educação sexual nas escolas para explicar às crianças que não é preciso falar castelhano para ter relações, que é normal trocar mais de duas palavras antes de levar alguém para a cama e que não é preciso grunhir para se ter um orgasmo.”
De facto, rareia a boa película erótica. É com isso em mente que o Sinédrio tem o prazer de inaugurar o seu novo segmento, sem qualquer seguimento, “Erótico vs. Porno”, escandalosamente inspirado nos “Prós e Contras Chicago vs Lx” da Joana Amaral Dias.
Muitos poderão, porventura, pensar que o que distingue o erótico do pornográfico se reduz à barreira da full frontal nudity que divide o soft do hardcore. Muitos se enganam.
A virtude maior da industria erótica é que, algures nas Hollywood Hills há um gajo atrás de uma máquina de escrever a pensar: “ok, a Melanie está sozinha em casa, e agora?”.
O argumento progride e o narrador em voz off dita o ritmo. Melanie ficou em casa enquanto as amigas se foram divertir para Las Vegas. Uma súbita sobrecarga de trabalho no escritório obriga-a a fazer cálculo financeiro à beira da piscina, envergando um biquini diminuto.
De um pessimismo solitário com alusões a Schopenhauer, Melanie adormece com o laptop no lap. A imagem nublada indica “sonho” e subitamente, da piscina emerge um latagão com creme bronzeador na mão, predisposto a untar Melanie como se esta fosse uma travessa de ir ao forno.
Passam-se 5 realistas minutos de pura poesia, que o pudor me impede de relatar, para Melanie acordar, sobressaltada pelo toque da campainha. Eis senão quando, do outro lado da porta surge o canalizador surpresa: exactamente o mesmo latagão do sonho. A cena acaba com Melanie a fechar a porta com um piscar de olho cúmplice e um sorriso traquina para a câmera.
O argumento progride e o narrador em voz off dita o ritmo. Melanie ficou em casa enquanto as amigas se foram divertir para Las Vegas. Uma súbita sobrecarga de trabalho no escritório obriga-a a fazer cálculo financeiro à beira da piscina, envergando um biquini diminuto.
De um pessimismo solitário com alusões a Schopenhauer, Melanie adormece com o laptop no lap. A imagem nublada indica “sonho” e subitamente, da piscina emerge um latagão com creme bronzeador na mão, predisposto a untar Melanie como se esta fosse uma travessa de ir ao forno.
Passam-se 5 realistas minutos de pura poesia, que o pudor me impede de relatar, para Melanie acordar, sobressaltada pelo toque da campainha. Eis senão quando, do outro lado da porta surge o canalizador surpresa: exactamente o mesmo latagão do sonho. A cena acaba com Melanie a fechar a porta com um piscar de olho cúmplice e um sorriso traquina para a câmera.
Cut, print, and that's a wrap! Henry Miller em película.
Por outro lado, no género pronográfico é óbvia a presença do minimalismo dos construtivistas russos. Não há lugar para máquinas de escrever ou writer’s block . O argumento discorre da conversa entre três marmanjos num bar fumarento, ao sabor de cerveja barata.
Uma dama vestida integralmente de cabedal (napa) branco sai de casa para passear o cão. Algures pelo caminho cruza-se com três distinto senhores (nada mais que os três argumentistas), vestidos com casacos de cabedal (napa) preto e envergando bigodes à Lech Walesa, que se predispõem a lhe tratar o corpo como uma senhora na retrosaria sente a textura do tecido.
Começa a tocar aquele distinto medley de Disco com techno dos anos 80 (para quando um “Now, that’s what I Call Porn Music”?) e parte-se para a acção.
Onde está a sedução? Porque é que o diálogo foi, subitamente, substituído por monólogos curtos e repetitivos acerca de iminentes chegadas? O que aconteceu à taça de morangos e ao risinho maroto com as bolhinhas do champanhe que adornam o género erótico? Nada disso, um filme pornográfico é a fantasia sexual de alguém que está 5 minutos atrasado para apanhar o autocarro. É arte menor.
Por outro lado, no género pronográfico é óbvia a presença do minimalismo dos construtivistas russos. Não há lugar para máquinas de escrever ou writer’s block . O argumento discorre da conversa entre três marmanjos num bar fumarento, ao sabor de cerveja barata.
Uma dama vestida integralmente de cabedal (napa) branco sai de casa para passear o cão. Algures pelo caminho cruza-se com três distinto senhores (nada mais que os três argumentistas), vestidos com casacos de cabedal (napa) preto e envergando bigodes à Lech Walesa, que se predispõem a lhe tratar o corpo como uma senhora na retrosaria sente a textura do tecido.
Começa a tocar aquele distinto medley de Disco com techno dos anos 80 (para quando um “Now, that’s what I Call Porn Music”?) e parte-se para a acção.
Onde está a sedução? Porque é que o diálogo foi, subitamente, substituído por monólogos curtos e repetitivos acerca de iminentes chegadas? O que aconteceu à taça de morangos e ao risinho maroto com as bolhinhas do champanhe que adornam o género erótico? Nada disso, um filme pornográfico é a fantasia sexual de alguém que está 5 minutos atrasado para apanhar o autocarro. É arte menor.
Slam, bam, not even a “thank you ma'am”!
2 Comments:
Isto está pelas ruas da amargura...
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