Com Cavaco Silva
Tal como o Tiago, aqui em baixo, não posso deixar de reconhecer o valioso contributo histórico de Mário Soares para a construção de um Portugal democrático. Releio-o contínua e consecutivamente e compreendo a existência de uma dívida de liberdade democrática
Reconheço, igualmente, a sua habilidade política. De oposicionista e exilado, a Presidente da República, passando pelo MNE e pela liderança do governo, Soares confunde-se com o Estado, ensinou o Paulinho a brincar ao populismo e escreveu o “livro” sobre política subterrânea. Ter-lhe-ia dado o meu voto em 86, mas não em 2006. Ao contrário da maioria, a minha principal objecção a Soares Presidente ou presidenciável não é a sua idade ou uma sensação de deja vu, mas a sua idade ideológica, especialmente, num momento em que Sampaio reactivou o carácter potestativo da Presidência.
Votaria facilmente num Soares com 82 ou 92 anos caso me revisse na sua candidatura. A minha principal objecção prende-se com o facto de com o passar dos anos, Mário Soares se aproximar, cada vez mais, de um discurso que eu deixei para trás na puberdade, juntamente com as borbulhas e Clearasil.
Mário Soares nunca conseguirá agrupar, de uma só vez, o centro e a periferia ideológica. Em 86 foi a periferia de Esquerda que se juntou, pragmaticamente, a Soares, mas hoje este deambula algures numa fronteira ideológica e parece exigir que seja o centro a juntar-se à periferia.
Está por provar a validade científica da máxima de que “em Portugal as eleições ganham-se ao centro”. Se há alguém que a possa contestar é Soares. O seu passado político poderá segurar o voto do seu eleitorado tradicional enquanto avança para o flanco ideológico, mas não o meu.
Em vida, apenas conheci um Portugal democrático que, ainda assim, vive muito de ar político emprestado ou reciclado.
Reconheço, igualmente, a sua habilidade política. De oposicionista e exilado, a Presidente da República, passando pelo MNE e pela liderança do governo, Soares confunde-se com o Estado, ensinou o Paulinho a brincar ao populismo e escreveu o “livro” sobre política subterrânea. Ter-lhe-ia dado o meu voto em 86, mas não em 2006. Ao contrário da maioria, a minha principal objecção a Soares Presidente ou presidenciável não é a sua idade ou uma sensação de deja vu, mas a sua idade ideológica, especialmente, num momento em que Sampaio reactivou o carácter potestativo da Presidência.
Votaria facilmente num Soares com 82 ou 92 anos caso me revisse na sua candidatura. A minha principal objecção prende-se com o facto de com o passar dos anos, Mário Soares se aproximar, cada vez mais, de um discurso que eu deixei para trás na puberdade, juntamente com as borbulhas e Clearasil.
Mário Soares nunca conseguirá agrupar, de uma só vez, o centro e a periferia ideológica. Em 86 foi a periferia de Esquerda que se juntou, pragmaticamente, a Soares, mas hoje este deambula algures numa fronteira ideológica e parece exigir que seja o centro a juntar-se à periferia.
Está por provar a validade científica da máxima de que “em Portugal as eleições ganham-se ao centro”. Se há alguém que a possa contestar é Soares. O seu passado político poderá segurar o voto do seu eleitorado tradicional enquanto avança para o flanco ideológico, mas não o meu.
Em vida, apenas conheci um Portugal democrático que, ainda assim, vive muito de ar político emprestado ou reciclado.
Aspiro a um Portugal inovador, ambicioso e meritocrático, que se procura e afirma na Europa e se encontra ao longo do Atlântico. A sua face institucional nunca poderá ser a de Mário Soares. O meu voto está com Cavaco Silva.
2 Comments:
Dizia-se, na minha juventude, que nada mais ridiculo do que um velho gaiteiro ou um jovem armado em adulto maduro. Cada coisa tem o seu tempo. Não conheço o autor do texto, mas parece-me ser um jovem nascido para vida após 1974. Não lhe é fácil saber o que foi o Portugal anterior. Nem tão mau como o pintam alguns, nem tão bom como outros ainda pensam que era. Cada um puxa a brasa à sua sardinha, até que a História, lá muito mais para a frente, diga de sua justiça. Até lá, o Dr. Mário Soares, tal como outros, tentarão sempre construir o mundo à sua imagem. Lembram-se de Mitterrand nos últimos anos de vida?
Dá que pensar ver que se quer entrar em aventuras que nos fazem recordar as tiradas ideológicas dos idos de Maio de 1968. O mundo não parou no tempo. Que bem apanhada está a imagem das borbulhas e do Clearasil!
É bom vermos que há jovens que não se resignam a ver o País afundar-se ao som de músicas de outros tempos... Que esses apareçam em força na vida política. Só assim haverá regeneração de ideais e de valores.
Caro anónimo,
Muito obrigado pela parte que me toca, mas especialmente, pela parte que nos toca aos dois.
Com os melhores cumprimentos
Gonçalo Curado
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