Turismo
Ao ler uma entrevista do sr. Henrique Moraes, responsável de uma agência de viagens, começo a amar os turistas. Há uns anos, passar férias no estrangeiro, na neve, nos trópicos, funcionava como factor de distinção social. Hoje, quem nunca molhou o cu em Varadero é um excluído cuja cotação social é ligeiramente superior à de arrumador de carros.
Fazer turismo deixou de ser um privilégio de uns happy few. E todos sabemos que a uma democratização corresponde sempre uma elitização. O sr. Henrique Moraes diz que prefere que lhe chamem viajante em vez de turista. Turismo é pimba. Turismo fazem os alemães de meia-idade à procura de sexo com adolescentes na Tailândia. Um viajante é diferente. Segundo o sr. Moraes, o viajante vai para fora para conhecer a alma dos autóctones, para descobrir culturas intactas.
Um autêntico programa de libertação do antropólogo que há em nós. No fundo, é um ritual de purificação através do qual, e a troco de cinco mil e tal euros, ocidentais de consciência pesada vão lavar as almas corrompidas pelo materialismo.
Conhecer a alma dos locais soa a esoterismo new age. Os locais como seres humanos puros, os bons selvagens que vivem no benigno desconhecimento de conceitos como especulação imobiliária e saneamento básico e cujas almas estão ali para serem esquadrinhadas em quinze dias.
O que o sr. Moraes oferece aos seus clientes é uma viagem aos quadros de Gauguin. Uma aventura de risco controlado finda a qual podem regressar, de alma lavada, ao stress, ao bidé e ao home cinema.
Por tudo isto, aconselho vivamente a nossa classe média a fazer turismo como antigamente: a comer lagosta em hotéis de quatro estrelas, rodeados de miséria e de prostitutos adolescentes esfomeados. Não procurem conhecer a alma dos autóctones. Deixem isso para os profissionais. Se conseguirem conhecer algum corpo local por menos de 20 dólares sem o bónus de uma doença venérea já valeu a pena a viagem.
Fazer turismo deixou de ser um privilégio de uns happy few. E todos sabemos que a uma democratização corresponde sempre uma elitização. O sr. Henrique Moraes diz que prefere que lhe chamem viajante em vez de turista. Turismo é pimba. Turismo fazem os alemães de meia-idade à procura de sexo com adolescentes na Tailândia. Um viajante é diferente. Segundo o sr. Moraes, o viajante vai para fora para conhecer a alma dos autóctones, para descobrir culturas intactas.
Um autêntico programa de libertação do antropólogo que há em nós. No fundo, é um ritual de purificação através do qual, e a troco de cinco mil e tal euros, ocidentais de consciência pesada vão lavar as almas corrompidas pelo materialismo.
Conhecer a alma dos locais soa a esoterismo new age. Os locais como seres humanos puros, os bons selvagens que vivem no benigno desconhecimento de conceitos como especulação imobiliária e saneamento básico e cujas almas estão ali para serem esquadrinhadas em quinze dias.
O que o sr. Moraes oferece aos seus clientes é uma viagem aos quadros de Gauguin. Uma aventura de risco controlado finda a qual podem regressar, de alma lavada, ao stress, ao bidé e ao home cinema.
Por tudo isto, aconselho vivamente a nossa classe média a fazer turismo como antigamente: a comer lagosta em hotéis de quatro estrelas, rodeados de miséria e de prostitutos adolescentes esfomeados. Não procurem conhecer a alma dos autóctones. Deixem isso para os profissionais. Se conseguirem conhecer algum corpo local por menos de 20 dólares sem o bónus de uma doença venérea já valeu a pena a viagem.
2 Comments:
Grande. E tem a vantagem de ser verdade.
Henrique
Mais uns dez posts e voltas à velha forma.
Henrique
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