Alemanha: milagres?
1.Certa vez, presenciei um milagre. Só por uma vez. Uma. Tinha ainda uma tenra idade. E quando vivemos esse tenros anos, temos sempre um fascínio qualquer com formigueiros. Eu, pelo menos, tinha. Gostava de ajudar as formigas. Para desespero da minha avó e dos meus primos: tudo o que era bolacha ia para os formigueiros do bairro. Criei, aposto, a raça de formigas mais roliça do mundo. E a ajuda não se ficava pelas bolachas. Também gostava de apanhar bicharocos. Gafanhotos, sobretudo. Gostava de atar um pequeno cordel às patinhas destes cangurus de rés-do-chão. Assim, ficavam à mercê das minhas amigas balofas.
Mas certa vez aconteceu o inesperado. O tal milagre. Um gafanhoto preso pela minha linha de coser meias passeou-se à porta do formigueiro da rua de baixo. Não aconteceu nada. O tipo ficou como estava. Não sei se aquele formigueiro estava ou não à mercê de febres budistas. O certo é que o gafanhoto não foi desmontado.
Guardei-o. E nunca mais toquei em gafanhotos. E aquela foi a primeira e última manifestação da existência de deus da minha curta vida.
2.Tudo isto para dizer que não há milagres. Muito menos em Política. Merkel enquanto líder de um governo do SPD. Isto faz-me lembrar o Leoncio (nome que dei à criatura acima descrita): está presa a uma inevitabilidade – novas eleições. E nessas próximas eleições, Merkel terá de falar verdade de sorriso na cara. Merkel não “perdeu” as últimas por falar verdade. “Perdeu” porque falou verdade com cara de caso.
3. Se Merkel conseguir cumprir este mandato por inteiro, então, terei descoberto o meu segundo gafanhoto.
Mas certa vez aconteceu o inesperado. O tal milagre. Um gafanhoto preso pela minha linha de coser meias passeou-se à porta do formigueiro da rua de baixo. Não aconteceu nada. O tipo ficou como estava. Não sei se aquele formigueiro estava ou não à mercê de febres budistas. O certo é que o gafanhoto não foi desmontado.
Guardei-o. E nunca mais toquei em gafanhotos. E aquela foi a primeira e última manifestação da existência de deus da minha curta vida.
2.Tudo isto para dizer que não há milagres. Muito menos em Política. Merkel enquanto líder de um governo do SPD. Isto faz-me lembrar o Leoncio (nome que dei à criatura acima descrita): está presa a uma inevitabilidade – novas eleições. E nessas próximas eleições, Merkel terá de falar verdade de sorriso na cara. Merkel não “perdeu” as últimas por falar verdade. “Perdeu” porque falou verdade com cara de caso.
3. Se Merkel conseguir cumprir este mandato por inteiro, então, terei descoberto o meu segundo gafanhoto.
4 Comments:
Henrique
Não sei se te deste conta mas não estás no Acidental. Escusas de assinar duas vezes...
É o hábito eu sei.
Muito bom!
Aplauso, camarada.
LR
Meu caro Henrique. Não tenho palavras! É que, também eu, passava a vida a ajudar formigas...
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