Quo vadis, blogosfera?
Os primeiros 3 anos de blogs nacionais coincidiram com momentos de intenso debate. Nos planos doméstico e internacional, o Iraque; eleições americanas; terrorismo; Santana Lopes, o efémero; liberalismo; Sócrates, o reformador; e muito mais turbulência. Mas, tal como o próprio acto em si, até já a última eleição presidencial foi um pouco aborrecida entre os blogs, não tivesse Mário Soares salvo a honra do convento. Será que questões circunstanciais, o Irão, a Ota, a vida interna da oposição ou o ímpeto reformador do executivo conseguem alimentar os próximos anos da blogsfera política?
Da mesma forma, a chegada recente de pesos pesados aos blogs tendeu a descaracterizar um pouco a novidade e a mood da coisa. A blogosfera política sempre teve os seus pesos pesados originais, a Coluna Infame, o Barnabé, o Bde, o Blasfémias, o Bloguítica, o Acidental, o Intermitente/Insurgente, a Bomba Inteligente e até, esporadicamente, o Abrupto, que marcaram o passo e a piada. Só que os novos pesos pesados são de natureza diferente. Ao contrário dos originais, fizeram o trajecto inverso e saltaram do papel para o monitor. Não me interpretem mal, gosto muito de ler o que Vasco Pulido Valente, David Justino, António Ribeiro Ferreira ou Medeiros Ferreira têm para dizer. Mas não deixo de estranhar quando leio no jornal expressões como “já o disse no meu blog, ...... blogspot.com”.
Ultimamente, a frase que mais vezes ouço repetida acerca de blogs é “sabes, cada coisa tem o seu tempo” e devo confessar só há um blog que ainda me surpreende. Tenho a sensação que isto dos blogs está a perder a sua piada. Parece que se repete o mesmo fenómeno que acontece quando outras gerações usam o vocabulário hip dos filhos, e os blogs arriscam-se a ser o novo “fixe” ou “baril”, esquecidos no baú do vocabulário passageiro.
Hoje em dia dedico muito menos tempo, ou quase nenhum, à leitura de blogs, talvez por falta de disponibilidade, talvez por falta de interesse. Mas, por enquanto, escrever por aqui ainda é uma forma rudimentar de auto-medicação para a salubridade psicológica. Quando me fartar, ou passo a postar fotografias de cenas de trabalho, ou passo escrever num qualquer “meu querido diário”.
1 Comments:
Caro Gonçalo, adorei o seu post e não posso estar mais de acordo. Também a mim me surpreendem cada vez menos os blogues novos (ou velhos). A "Causa foi modificada" é um dos que ainda me dá gozo ver. Com outra dose de irreverência, mas menos constantes, muito embora de grande interesse, são o "Esplanar" de João Pedro George ou "Oplagiario" de Justino Salomão...
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