quarta-feira, agosto 17, 2005

15 Agosto 2005

O dia 15 de Agosto de 2005 vai ficar marcado na História do Médio Oriente. Pela primeira vez, desde a criação do Estado de Israel, este procede à redefinição das suas fronteiras com o intuíto de promover um novo relacionamento com a Palestina, desmantelando os colonatos na Faixa de Gaza. Sharon, esse "tirano" para a esquerda/anti-globalização/boaventura sousa santos/rosas-anacleto, fez aquilo que muito poucos tiveram coragem de fazer: ir de encontro ao seu próprio povo em favor da coexistência de dois Estados soberanos e vizinhos.
Claro que esta é, também, uma jogada política: com este passo, passa-se a "batata quente" para o lado da Autoridade Palestiniana que se vê, assim, obrigada a lidar com duas responsabilidades. Primeiro, em corresponder à sua parte no processo de paz e instauração de dois Estados que coexistam; segundo, em sobrepôr a sua vontade legítima à dos grupos radicais como o Hamas.
Israel deu um passo fundamental (saliente-se os esforços diplomáticos e financeiros das potências europeias e da Administração W. Bush - recorde-se que o presidente dos EUA foi o primeiro líder norte-americano a reconhecer como inevitável a coexistência dos dois Estados, como única solução para o problema). A Palestina tem e deve corresponder. Pode não haver outra oportunidade e uma desilusão no campo israelita provocará, certamente, uma escalada de violência, terrível para a região e apetecível para as redes terroristas.
Aguardaremos os próximos episódios.

9 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Pela primeira vez, desde a criação do Estado de Israel, este procede à redefinição das suas fronteiras? Quando não se sabe, mais vale estar calado.

1:49 da tarde  
Blogger Bernardo Pires de Lima said...

Já agora ensine-me, se não se importa. Gosto sempre de aprender com quem sabe.
cumprimentos

ps: não tem um nome?

2:00 da tarde  
Blogger Bernardo Pires de Lima said...

Doutor anónimo
fiquei à espera dos seus ensinamentos, mas entretanto resolvi colocar um pouco de rigor naquilo que tinha escrito. Graças à sua rápida observação.
Agradeço-lhe bastante.

ps: que lhe parece agora?

5:06 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

O Anonymous devia estar a referir-se as guerras que Israel entrou (1949,1956,1967,1970,1973,1982). Existiram mudanças territoriais, mas nada previamente planeado. Agora sim houve um facto politico que levou a alteração do territorio. Comentado o seu artigo, temo estar com muitas duvidas como e que um estado, chamar estado aquele territorio e um pouco exagerado, que nem se controla pode começar a funcionar de dentro para fora. Os seus habitantes vivem num caos, a maioria e sustentada por israelitas, não ha policia, os niveis de corrupcao sao enormes, enfim, e uma bomba por esplodir. E tenho pena disso. Outro assunto interessante, onde estao os putativos comentadores anti-israel e anti-USA (muito anti-Bush), agora? Que opinam eles agora? Porque se cala a esquerda?

9:35 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

De facto referia-me a essas alterações de fronteiras, se bem que tenha algumas dificuldades em aceitar que o comentador anterior as caracterize como "não planeadas"... Quero acreditar que o post original (que é pena ter sido corrigido, preferia uma adenda, mas enfim) carecia apenas deste pequeno esclarecimento semântico agora acrescentado. Já quanto a referir que Bush foi o primeiro líder norte-americano a reconhecer como inevitável a coexistência dos dois Estados, parece-me, no mínimo, falhar com a verdade. Todos os líderes norte-americanos após a criação do estado palestiniano (em 1988, creio) que se esforçaram (uns mais que outros) para a paz naqueles território, reconheceram a importancia da existência dos dois estados. Mas já agora, e Carter? Ao impôr em 1978 como necessário à paz o reconhecimento do Estado de Israel, não estava "reconhecer como inevitável a coexistência dos dois Estados"? É que era o Estado artificial de Israel, uma triste invenção sionista apenas possivel graças ao sentimento de culpa ocidental perante as atrocidades de Hitler e o historial de perseguição ao povo judeu, que carecia de reconhecimento. Hoje tornou-se, obviamente, uma inevitabilidade. Quanto ao Estado Palestiniano, esse seria certamente hoje o único existente na região, fossem as circustâncias históricas outras. Ou mesmo uma certa ironia inerente ao processo histórico, como Angola ter sido uma das opções para o futuro estado judeu, ou mesmo o Birobidjão.

10:18 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Mas para que fique bem claro, sem dúvida que se trata de um passo importante para o processo de paz, principalmente vindo de Sharon, o carrasco da unidade 101...

10:26 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Eu disse, e digo, não planeadas porque em todas as guerras, creio que menos a do Libano (e mesmo essa foi devido a tentativa de assassinato do seu embaixador em Londres e devido aos ataques de rocket´s no norte de Israel), foi Israel o território atacado. Depois devido quase sempre a grandes derrotas militares (Yom Kippur sera a excepcao) os territorios foram sendo alterados. Devo acrescentar que a maioria dessas zonas nunca foi habitada, servindo sim, com areas de segurança. Acho, tambem, curioso falar de Carter e dessa "historica" resolucao de os paises arabes reconhecerem um estado que havia sido formado ha 30 anos?!? Caminho para a paz, eu diria evitar um caminho para o extremismo. O Dr. Anonymous é uma daqueles putativos comentadores que mencionei em comentario anterior. Mas porque e que lhe custa tanto admitir (nem que seja algum) merito ao Bush e ao Sharon? Porque o sarcasmo de o "carrasco da unidade 101"? Lembra-se que em 1987 ele processou a Time em tribunais americanos exactamente por essas acusações e ganhou (os sionistas estao em todo o lado, dira vc)? E o que diz das atrocidades e do despotismo de Arafat? O que pensa das contas de bilioes de dolares desse senhor com o seu povo a viver na miseria em que vive? Outro aspecto que me pareceu interessante foi o seu "e se"? Deixe-me perguntar: E se os palestianos continuassem a ser uma raça arabe inferior, como eram ate metade do sec.XX vistos por os outros arabes, e nao fossem um bode expiatorio para uma guerra sem caus (a nao ser que considere destruir um estado so por se-lo uma causa)? E se os lideres palestianos se preocupassem mais com o bem estar dos seus, e nao roubassem, pilhassem e matassem tantos dos palestinianos? Sabe estes dois povo partiram do nada, é um facto que os judeus com muitas ajudas externas (ainda que de outros judeus), mas porque e que os palestianos sempre que receberam ajudas (e foram muitas da UE, ONU,U.Sovietica,paises arabes, etc?), as usaram para causar miseria ao seu povo? É facil defender quem esta por baixo, dificil e dar merito a quem o tem. Mas é um problema da esquerda, mas nao deixa de me causar alguma apreensão vendo elogios a castros e guevaras da vida. Espero que tenha lido, tambem, os ultimos comentarios dos "pacifistas" arabes, que disseram "so acaba quando não existir Israel", mas duvido que Israel de mais do que ja deu...

2:54 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Israel defende a cultura ocidental, trata as mulheres de maneira igual, tem sociedade democratica, cultiva a economia de mercado, enfim, podia ficar aqui uma tarde. Esse cliche que as cuturas sao todas iguais, eu nao o alimento. Se sou capaz de criticar a Igreja no passado por ter cometido crimes que hoje em dia essas culturas cometem, porque nao posso criticar, hoje, essas culturas atrasadas no tempo?

7:01 da tarde  
Blogger Victor Lazlo said...

É curioso verificar que, contrariando o senso comum, apenas os falcões israelitas da linha mais dura são capazes (é-lhes permitido) dar os passos mais decisivos em relação à paz (vide Menachem Begin e Shamir).
Podemos fazer um paralelismo com Portugal, país onde as necessárias reformas liberais são paradoxalmente mais fáceis de efectuar pela esquerda do que pela direita.

5:51 da tarde  

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