quinta-feira, outubro 20, 2005

Manifesto

Manuel Alegre deveria estar preocupado. Segundo o DN, há por aí um manifesto de apoio à sua candidatura subscrito “por meia centena de personalidades dos meios artístico, literário e universitário”. Isto é, uma corja.

Estas iniciativas aparecem como espontâneas mas seguem regras estritas.

Regra Primeira: o número de subscritores não deve ser inferior à dezena nem superior às centenas. Se a notícia fosse “mais de meio milhar de personalidades, etc...” não teria credibilidade. Desde logo, porque não há em Portugal meio milhar de personalidades. Depois, os jornais portugueses só recorrem à unidade de terceira ordem em contagens de vítimas de catástrofes naturais e de manifestantes no Terreiro do Paço. Meia centena é, segundo os especialistas, o ideal.

Regra Segunda: se o candidato é de esquerda, Eduardo Prado Coelho faz parte da meia centena. Aliás, Prado Coelho é metade da meia centena.

Regra Terceira: o conjunto de subscritores deve ser heterogéneo. Neste caso, sendo Jorge Palma um deles, Morais Sarmento terá mesmo de apoiar Cavaco (não é permitida a inclusão de dois ex-boxeurs na lista).

Existem outras regras mas estas são as principais e não se encontram sujeitas a alterações.
Penso, no entanto, que a bem da literatura a Constituição deveria estabelecer um número máximo de poetas que podem subscrever estes manifestos.