Timidamente, sós no tempo
A escolha desta fotografia não procura ser depreciativa. Na realidade, esta é a imagem que guardo de Mário Soares: a “política da afabilidade” em transição democrática, agente incontornável da opção democrática portuguesa, patriarca socialista. A “Presidência” das décadas de 80 e de meados de 90.
Devo confessar que minha opção pela filiação partidária foi particularmente difícil, não tanto pela escolha partidária, mas pela reserva da minha liberdade opinativa, naturalmente diletante. A minha opção pela filiação socialista foi maioritariamente emocional e para ela muito contribuiu a recordação de Mário Soares (conservo com muito cuidado e orgulho um folheto da campanha eleitoral de 86 onde Soares escreveu: “com um grande abraço para o Gonçalo”).
Em 86 Soares era “fixe”, mas em 2006 duvido que consiga ser “um ganda bacano”. Não são tanto as suas opções em política externa e europeia que me preocupam. Soares não é ingénuo ou mancebo e sabe perfeitamente diferenciar entre federar a esquerda e assumir a titularidade de uma democracia ocidental, bem como escutar os fluxos do sistema internacional.
A questão central é que hoje, ao contrário da transição democrática, Portugal não necessita um Presidente civil que sossegue o Ocidente acerca de possíveis incursões terceiro-mundistas ou de opções revolucionárias por democracias populares. Hoje, Portugal necessita de confirmar a sua vitalidade democrática e assegurar a confiança dos agentes internacionais nas suas capacidades económicas.
O que mais me inquieta é a profunda incapacidade portuguesa na sua regeneração política. Numa altura em que a Europa renova as várias lideranças nacionais, Portugal opta entre o longínquo e o distante, e sobrevive na reciclagem da classe política com uma gap duplamente geracional em relação às suas congéneres europeias e ocidentais. O problema não é Soares “Presidente” ou Soares “presidenciável”, o problema é o Portugal político, ideológica e geracionalmente idoso.
Devo confessar que minha opção pela filiação partidária foi particularmente difícil, não tanto pela escolha partidária, mas pela reserva da minha liberdade opinativa, naturalmente diletante. A minha opção pela filiação socialista foi maioritariamente emocional e para ela muito contribuiu a recordação de Mário Soares (conservo com muito cuidado e orgulho um folheto da campanha eleitoral de 86 onde Soares escreveu: “com um grande abraço para o Gonçalo”).
Em 86 Soares era “fixe”, mas em 2006 duvido que consiga ser “um ganda bacano”. Não são tanto as suas opções em política externa e europeia que me preocupam. Soares não é ingénuo ou mancebo e sabe perfeitamente diferenciar entre federar a esquerda e assumir a titularidade de uma democracia ocidental, bem como escutar os fluxos do sistema internacional.
A questão central é que hoje, ao contrário da transição democrática, Portugal não necessita um Presidente civil que sossegue o Ocidente acerca de possíveis incursões terceiro-mundistas ou de opções revolucionárias por democracias populares. Hoje, Portugal necessita de confirmar a sua vitalidade democrática e assegurar a confiança dos agentes internacionais nas suas capacidades económicas.
O que mais me inquieta é a profunda incapacidade portuguesa na sua regeneração política. Numa altura em que a Europa renova as várias lideranças nacionais, Portugal opta entre o longínquo e o distante, e sobrevive na reciclagem da classe política com uma gap duplamente geracional em relação às suas congéneres europeias e ocidentais. O problema não é Soares “Presidente” ou Soares “presidenciável”, o problema é o Portugal político, ideológica e geracionalmente idoso.
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