Arafat leu Weber?
1.Só haverá solução para o conflito entre Israel e a Palestina quando a legítima Autoridade Palestiniana destruir ou domesticar o ilegítimo Hamas. Enquanto não existir coragem para se falar disto, nada será feito. Qualquer Estado assenta numa premissa: monopólio exclusivo da violência. Estado X tem autoridade interna e externa devido a esse monopólio.
2.Arafat nunca se preocupou com esta premissa (Mas aposto que leu Weber...). Nunca quis ser um estadista. Até morrer, preferiu sempre vestir a pele de herói romântico. Resultado: nunca aproveitou o seu prestígio semi-divino para construir uma ordem interna clara, que legitimasse uma voz externa única e inequívoca. Nunca teve a coragem dos homens de estado. Nunca quis rasgar a sua aura de libertador. Nunca quis enfrentar os seus. Mesmo quando estes seus eram radicais como Hamas. Consequência: Mazen herdou uma Palestina fragmentada.
3.A AP pode derrotar o Hamas de duas formas: (1) militarmente ou (2) judicialmente (prender os seus líderes; o que levaria à primeira hipótese, mais cedo ou mais tarde). Acomodar o Hamas democraticamente seria uma terceira hipótese, mas isso só será possível quando o Hamas entregar as armas (acto que implica, em primeiro lugar, a consumação da 1ª ou a 2ª hipótese). Há vontade política para isto? Tem a AP coragem para fazer Política?
Negociar um acordo com Israel implica o controlo absoluto da Palestina por parte da AP. Sem um soberano do outro lado, Israel nunca aceitará um acordo perene.
4. Todos os Estados conhecidos têm por base o mesmo: violência no momento da formação. Os estados – o da Palestina não é excepção - fazem-se com guerra. A violência é necessária para criar a Ordem na qual assentam as Constituições e as Eleições.
Não gostamos nada de ouvir estas verdades históricas. Sentamo-nos no nosso sofá e gritamos isto e aquilo, desconhecendo por completo a nossa própria história. A Paz, esta que vivemos no Ocidente, tem por base a guerra. Para se chegar a Westfália (1648), houve um século e meio de sangue. Grosso modo, de 1517 até 1648, a Europa andou a praticar tiro ao alvo.
5. Não gostam de ler e enfrentar isto? Então, inventem outro mundo, um que seja habitado por anjos. Mas só um aviso: outros já tentaram inventar esse mundo angelical. E sabem o que descobriram? Que os santos matam ainda mais do que os homens.
2.Arafat nunca se preocupou com esta premissa (Mas aposto que leu Weber...). Nunca quis ser um estadista. Até morrer, preferiu sempre vestir a pele de herói romântico. Resultado: nunca aproveitou o seu prestígio semi-divino para construir uma ordem interna clara, que legitimasse uma voz externa única e inequívoca. Nunca teve a coragem dos homens de estado. Nunca quis rasgar a sua aura de libertador. Nunca quis enfrentar os seus. Mesmo quando estes seus eram radicais como Hamas. Consequência: Mazen herdou uma Palestina fragmentada.
3.A AP pode derrotar o Hamas de duas formas: (1) militarmente ou (2) judicialmente (prender os seus líderes; o que levaria à primeira hipótese, mais cedo ou mais tarde). Acomodar o Hamas democraticamente seria uma terceira hipótese, mas isso só será possível quando o Hamas entregar as armas (acto que implica, em primeiro lugar, a consumação da 1ª ou a 2ª hipótese). Há vontade política para isto? Tem a AP coragem para fazer Política?
Negociar um acordo com Israel implica o controlo absoluto da Palestina por parte da AP. Sem um soberano do outro lado, Israel nunca aceitará um acordo perene.
4. Todos os Estados conhecidos têm por base o mesmo: violência no momento da formação. Os estados – o da Palestina não é excepção - fazem-se com guerra. A violência é necessária para criar a Ordem na qual assentam as Constituições e as Eleições.
Não gostamos nada de ouvir estas verdades históricas. Sentamo-nos no nosso sofá e gritamos isto e aquilo, desconhecendo por completo a nossa própria história. A Paz, esta que vivemos no Ocidente, tem por base a guerra. Para se chegar a Westfália (1648), houve um século e meio de sangue. Grosso modo, de 1517 até 1648, a Europa andou a praticar tiro ao alvo.
5. Não gostam de ler e enfrentar isto? Então, inventem outro mundo, um que seja habitado por anjos. Mas só um aviso: outros já tentaram inventar esse mundo angelical. E sabem o que descobriram? Que os santos matam ainda mais do que os homens.
5 Comments:
Muito bom! Excelente!
Admiradora secreta
Minha cara amiga,
muito obrigado. Mas não assine dessa maneira. Ainda me arranja problemas lá em casa…
mas volte sempre,
HR
Pois é não percebem que só assim lá vão! Já tinha pensado no que escreveu e tem toda a razão, por isso gostei de o ler. A maçada é que corremos o risco de sermos vistos como belicistas pelas alas mais liberais (europeus que se acham civilizados, tipo franceses ou alemães).
Cumprimentos,
Vasco de Sousa Cyrne
Caro Henrique,
So uma pergunta (sem grande conhecimento de causa, admito). A impossibilidade da palestina ser um estado "normal" (nao tem condicoes para ter o monopolio dos meios de violencia e -ou porque tambem- esta impossibilitado de ter exercito). Como e que um proto estado pode combater eficazmente os inimigos (caso o sejam verdadeiramente) internos (nao sugiro que nao possam fazer mais com os meios que tem)estando na numa condicao de soberania limitada?
Grande João,
Como é que está a “nossa” LSE?
Em relação à questão,
João, a AP tem de mostrar vontade política para controlar o Hamas. Israel pode fazer mais? Pode. Mas antes a AP tem de revelar essa vontade política interna. Sem isso, nunca contará com a total colaboração de Israel. Tel-Aviv só descansará quando os movimentos radicais - que fazem da destruição de Israel o seu objectivo – forem controlados. O maior inimigo da AP não é Israel mas o Hamas.
Henrique Raposo
Grande abraço,
HR
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