Quando o cinema era... cinema
Bruno,
1. O Deliverance (a nossa tradução, como sempre, é ridícula: Fim de Semana Alucinante; um filme angustiante com título de comédia soft porno), além de ser um glorioso ataque ao Bom Selvagem, é um grande filme. A cena da violação é daquelas que ficam arquivadas.
2. Quando passa um filme americano dos anos setenta, fico imediatamente preso. Mesmo que o filme não seja grande coisa. Há ali qualquer coisa que fascina, que marca a diferença em relação às épocas posteriores. Nunca percebi muito bem porquê.
3. Depois do que escreveste, acho que já tenho, pelo menos, uma explicação. É que antes dos anos 80, o cinema era Cinema. E ponto final. Os filmes eram feitos para adultos. Hoje (leia-se: a partir dos anos oitenta): boa parte do cinema não é cinema. Aquelas coisas são filmadas em fita, é certo. Mas isso não lhes garante o acesso ao estatuto cinematográfico. Como bem sabemos, há livros que não são… literatura. Pois bem, no cinema também é assim. Há fitas que não são… filmes.
4. Atenção: o cinema americano, na minha modesta opinião, continua a produzir os melhores filmes e a revelar os melhores cineastas. O cinema americano rejuvenesce-se. Há sempre uma geração a roubar espaço às anteriores. Novo cinema francês? Como? Ah… só François Ozon. Os restantes copiam descaradamente o cânone ”oficioso”, aquele que recebe o subsídio para a reaccionária “especificidade cultural”.
Mas seria bom que as produtoras americanas deixassem de prestar tanta vassalagem às brigadas de adolescentes que pensam que Greta Garbo é uma marca de telemóveis de Singapura.
1. O Deliverance (a nossa tradução, como sempre, é ridícula: Fim de Semana Alucinante; um filme angustiante com título de comédia soft porno), além de ser um glorioso ataque ao Bom Selvagem, é um grande filme. A cena da violação é daquelas que ficam arquivadas.
2. Quando passa um filme americano dos anos setenta, fico imediatamente preso. Mesmo que o filme não seja grande coisa. Há ali qualquer coisa que fascina, que marca a diferença em relação às épocas posteriores. Nunca percebi muito bem porquê.
3. Depois do que escreveste, acho que já tenho, pelo menos, uma explicação. É que antes dos anos 80, o cinema era Cinema. E ponto final. Os filmes eram feitos para adultos. Hoje (leia-se: a partir dos anos oitenta): boa parte do cinema não é cinema. Aquelas coisas são filmadas em fita, é certo. Mas isso não lhes garante o acesso ao estatuto cinematográfico. Como bem sabemos, há livros que não são… literatura. Pois bem, no cinema também é assim. Há fitas que não são… filmes.
4. Atenção: o cinema americano, na minha modesta opinião, continua a produzir os melhores filmes e a revelar os melhores cineastas. O cinema americano rejuvenesce-se. Há sempre uma geração a roubar espaço às anteriores. Novo cinema francês? Como? Ah… só François Ozon. Os restantes copiam descaradamente o cânone ”oficioso”, aquele que recebe o subsídio para a reaccionária “especificidade cultural”.
Mas seria bom que as produtoras americanas deixassem de prestar tanta vassalagem às brigadas de adolescentes que pensam que Greta Garbo é uma marca de telemóveis de Singapura.
2 Comments:
A tradução é ridícula, de facto. Como, uns anos depois, um filme com o Charlie Sheen e o Maxwell Caulfield cujo título original era "Boys next door" foi traduzido para "Fim de Semana Alucinante" leva-me a crer que as distribuidoras estariam convencidas do potencial comercial dos Fins-de-semana.
Se não viste o Cães de Palha tenho todo o gosto em disponibilizar-to. Bem como o Wild Bunch.
Grande Abraço,
Bruno Vieira
Era Fim de Semana Criminoso.
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