quarta-feira, dezembro 28, 2005

Bean


Ontem, descobri que o meu cão é socialista, pós-moderno ou romântico: não gosta muito de liberais. Facto que deixa a minha costela liberal um pouco receosa.

Grande Adolfo, devo-te, no mínimo, um jantar. Pela boleia e pelo… susto.

Grande abraço,

segunda-feira, dezembro 26, 2005

Grandes lidos em 2005, VIII

Por aquilo que representa: um hino à liberdade; um hino à liberdade cantado por quem nunca leu uma linha. Um hino ao direito natural, à ideia de que existe mesmo um chão comum de dignidade a montante de todo e qualquer homem, de toda e qualquer cultura.

Ou o sexo – ou a ausência dele – como arma da dignidade moral.

Ou uma das maiores ferroadas na muralha relativista da esquerda reaccionária.


PS: Não, Francisco. Não me enganei. Queria mesmo acabar esta série no Sinédrio.

Grandes lidos em 2005, VII

1. Himmelfarb - a mãe Kristol - devolve dignidade à Razão, depois de décadas de sevícias impostas a essa mesma Razão pelo irracionalismo pós-moderno.

2. Afirma-se, e bem, que não houve apenas um Iluminismo. Existiram diversas escolas iluministas. Himmelfarb analisa o Iluminismo francês, americano e britânico.

Terrorismo, um offspring da Esquerda?

As declarações de Ribeiro e Castro sobre a correlação entre o terrorismo contemporâneo e a Esquerda têm suscitado as mais diversas reacções. Umas ridículas, outras teoricamente estruturadas e até gaffes eleitorais.
A realidade é que o terrorismo que inaugurou o século XX, pela mão de Gavrilo Princip, é indiscutivelmente de Esquerda. Da mesma forma, a grande parte de todos os actos de terror do século passado tiveram a sua base ideológica à Esquerda. Mas, daí a afirmar que o terrorismo contemporâneo é filho da Esquerda, vai um longo caminho que advinha falácia histórica.
Sim, o terrorismo islâmico contemporâneo adoptou a base funcional e ideológica do terrorismo de Esquerda europeu do século XX. Sim, o fenómeno terrorista que assolou a Europa e o Mundo na segunda metade do século passado foi, maioritariamente de Esquerda. Sim, lá para terras gaulesas existiu em tempos um regime político apelidado de “Terror” que concedeu ao terrorismo uma entidade nominal e uma inspiração para o extremo e violento exercício político. O Henrique será, decerto, capaz de compilar uma extensa lista bibliográfica que comprove estes factos.
Mas a falácia de Ribeiro e Castro encontra-se escondida na sua própria frase: “o terrorismo contemporâneo”. Na realidade, não há uma barreira cronológica ou um facto paradigmático que isole algo como o “terrorismo contemporâneo”. O uso político do Terror na idade contemporânea é constituído por práticas e bases ideológicas empilhadas pela experiência e pelos resultados. O seu berço é feito da experiência e suas repercussões políticas. O Terror é, assim, um fenómeno gradual sem limites cronológicos. Algo que extravasa no tempo, a própria dicotomia Esquerda-Direita.
A sua natureza ou infância não é de Esquerda, mas minoritária. Minoritária face ao consenso político, minoritária face à potência ocupante ou invasora, minoritária face à nacionalidade dominante, etc.
O Terror, de Esquerda, de Direita, feudal ou proto-histórico passa, simplesmente, pelo recurso de uma minoria a acções de violência para frisar objectivos políticos.
E até alguém conseguir provar que no colete de pele do Viriato estava um cartão de militante da LUAR, essa continuará a ser o berço do terrorismo. A minoria.
Agora, que partilho com Ribeiro e Castro a preocupação pela adaptação iconoclasta de genocidas com figuras da Esquerda pop, isso partilho.

domingo, dezembro 25, 2005

2ª boa razão para ligar a televisão no dia 25 de Dezembro

Cinema Paraíso, na RTP2. Presentemente entre os 3 melhores filmes que já vi.

Sentido de Estado

Foi tão bom ver o nosso PM em Cabul para o Natal, como ver na televisão a sua mensagem de Boas Festas. Depois do ridículo do ano passado, é bom regressar a um PM com pose e sentido de Estado. Independentemente do posicionamento ideológico, a representação do Estado deve ser feita com a elegância da sobriedade formal.

Uma boa razão para ligar a televisão no dia 25 de Dezembro

Natal voyer

A certa altura, estavam 3 Maria Filomena Mónicas debaixo da árvore.

sábado, dezembro 24, 2005

Natal marroquino

A cada natal, Portugal revela o seu problema central. Qual é? É simples e tem dois componentes: (1) um português consome tanto como 3 americanos, mas (2) são precisos três portugueses para produzir tanto como um marroquino.

Temos de decidir. Queremos ter hábitos marroquinos ou bolsas americanas? As duas coisas juntas não funcionam.

Portugal precisa mesmo de um novo Sinédrio…

Feliz Natal para a Comunidade Sinédria

Para todos os camaradas Sinédrios, para os fellow bloggers e para os nossos distintos leitores, aqui ficam os votos de um Feliz Natal!

A minha wish-list para este Natal está curta:

quinta-feira, dezembro 22, 2005

Leitura Recomendada

Sérgio Figueiredo, «O Refém Constitucional», Jornal de Negócios, 21 Dezembro.

Atingimos a "maioridade democrática"

Após os dez debates (10) presidenciais (ou terão sido governamentais?), onde se debateram assuntos do calibre, por exemplo, da "água", o país está muito mais esclarecido e confortado. Diria mesmo, descansado. O Natal fará outro sentido e o mês de Janeiro trará consigo eventos da importância de uma campanha eleitoral para a Presidência da República. Serão arruadas atrás de arruadas, mercados atrás de mercados, ranchos atrás de ranchos. Uma ou outra alusão ao fascismo e ao Tarrafal, e ainda mais uma pitada de "só eu é que posso e sei galvanizar os portugueses!!". Voltaremos a ver nos écrans gestores de sucesso da craveira de um Fernando Gomes, provavelmente teremos o prazer de rever Armando Vara, ou ainda ex-secretários de Estado como o mítico Narciso Miranda. É o reencontro das elites nacionais em volta dos seus protectores.
Enfim, coisas novas e modernas que se passam num sítio "novo e moderno" lá para os lados das Europas, na segunda metade da primeira década do séc.XXI. Leram bem: XXI.
Se não os podes vencer, junta-te a eles.

quarta-feira, dezembro 21, 2005

A vitória é dele

















Eu bem sei quem ganhou ontem o debate.
Obrigado Rogério.

terça-feira, dezembro 20, 2005

Leitura Recomendada

Tony Blair, Blair defends UK’s presidency of EU, Financial Times.

António Borges, Blair, o europeu , Diário Económico.

quarta-feira, dezembro 14, 2005

Relações Internacionais Nº8

Está hoje nas bancas a RI nº8, a revista trimestral do IPRI.
O lançamento será na livraria Almedina, no Saldanha, e terá um debate entre Manuela Franco, Salgado de Matos e Manuel Ennes Ferreira sobre os trinta anos de descolonização africana.
A não perder.
Ps: Mais uma vez, alguns membros do Sinédrio colaboram com a revista.

terça-feira, dezembro 13, 2005

Frágil - 15 Dezembro - 23h

Jovem, se tens uma idade entre a do Dinis Maria e a do Mário Soares, vem à Festa do Acidental dar um pé de dança ao som de música da boa e das melhores aulas de Isaiah Berlin e de Oakeshott.
É já no dia 15 de Dezembro, no histórico Frágil.
A entrada é aberta a liberais, conservadores, liberais conservadores, reaccionários, gajos de esquerda, gajos dos comments, frequentadores do Lidl, do Abrupto, do Gallery, da Buchholz, da Brasileira e da blogosfera em geral.ou,Sim, nós sabemos: acabou de sair de mais um jantar deprimente com os seus colegas de escritório e não sabe se há-de ir para casa acabar de ler o livro da Maria Filomena Mónica ou se há-de se ir ao Black Tie com o Júlio das fotocópias. Nós propomos uma terceira hipótese, que no fundo é uma mistura das duas primeiras: uma festa do Acidental no Frágil. Uma festarola plural e animada onde poderá esquecer tudo o que disse uma hora antes aos seus chefes, já com duas garrafas de Casal Garcia em cima.
A música estará a cargo de um trio de djs acidentais, que já deu provas noutras ocasiões ao serviço dos Quase Famosos: Eduardo Nogueira Pinto, Francisco Mendes da Silva e Nuno Costa Santos. Não haverá crucifixos nas paredes e mais uma vez se provará que as mulheres de direita são as mais bonitas e inteligentes de Portugal. O Pai Natal, as renas e o Friedrich August Von Hayek já reservaram mesas separadas. Garcia Pereira não vai poder estar presente, por se encontrar em acção de campanha.
Estão todos convidados.

terça-feira, dezembro 06, 2005

DC Confidential

Num país em que tudo é secreto até que um bufo dê com a língua nos dentes, em vez das coisas virem à estampa pelos tramites normais e civilizados (falo de Portugal, claro), realce-se o exemplo dado pela Grã-Bretanha no passado mês de Novembro, quando o seu ex-embaixador em Washington (1997-2003), Christopher Meyer, publicou as memórias sobre esse mesmo período. Devo dizer que não foi nada meigo com o seu próprio Governo, apenas dois anos depois de ter deixado o cargo.
Não tenho lido nada que indique uma grande crispação em Downing Street ou no Foreign Office, o que só prova que se convive bem com as críticas, mesmo quando elas possam implicar perdas eleitorais, descrédito político ou melindre pessoal. Isto, sim, é democracia. Isto, sim, é pluralismo. Também não é por acaso que Maria Filomena Mónica se apresenta como uma anglófona.

Ainda MFM

Confesso que li Bilhete de Identidade no fim-de-semana imediatamente a seguir a ter saído. Por motivos de trabalho ainda não escrevi nada sobre ele. Devo dizer que gostei bastante. Sobretudo pelo desassombramento com que retrata uma época, um estilo de vida social muito próprio, um percurso pessoal não singular, mas por certo não massificado à época.
Por outro lado, reconheço pessoas, sítios e estilos. Não por experiência própria, pois ainda não era nascido, mas por vivência familiar. Percebo a intenção de Maria Filomena Mónica ao escrevê-lo. Percebo ainda mais que quem sempre viveu no meio dos livros se torne quase imperioso revelar-se por meio deles.
Tenho lido algumas críticas na imprensa. Duas delas - Pedro Lomba e Pedro Mexia - referiam-se à intromissão na privacidade alheia sem pudor pela mesma. Confesso que não senti isso. Nada me chocou e acho até que estava à espera de mais. Louvo o espírito arrojado de Maria Filomena Mónica num país que, em 2005, ainda convive mal com a sua memória e tende a ser estruturalmente contido quando fala de si. Desempoeiremo-nos então!

Ps: Sintomático da fraca tradição autobiográfica nacional, é o facto de na blogosfera e imprensa não se falar de mais nenhum livro a não ser este. Que venham mais, é o que se pede.

Táctico

Do debate de ontem, dificilmente se pode dizer que alguém tenha saído vencedor. Com Alegre e Cavaco Silva a jogarem em catenaccio houve, no entanto, um derrotado claro: Mário Soares.
Como consequência do estilo civilizado e explicativo de ontem, quando os debates Soares/Alegre e Soares/Cavaco tomarem um carácter mais agressivo e “sujo”, o cidadão comum vai depreender que esse só poderá ser consequência de uma propensão de Mário Soares para o confronto intempestivo.

Ainda assim, de ontem surgiu uma novidade: os bonitos olhos de Manuel Alegre contra aquele fundo azul!
Pretty eyes....

sexta-feira, dezembro 02, 2005

Quem se segue a Michael Howard?

Na próxima 3ª feira, dia 6, David Cameron e David Davies disputarão a liderança do Partido Conservador. Serão 300 mil eleitores que, nesta ronda final, serão chamados a escolher entre um jovem e um repetido concorrente à liderança tory. Numa altura em que Blair vive um momento delicado - recorde-se a perda de 47 mandatos na última legislativa; a derrota do seu projecto lei sobre o período de prisão alargado para suspeitos de terrorismo, e um certo desconforto por não levar a bom porto a presidência da UE - e se avizinha uma possível passagem de testemunho para Brown, talvez mais cedo do que se esperaria, pode estar nesta eleição dos conservadores o próximo Primeiro-ministro britânico.
Tendo em conta que as sondagens dão como quase certa a vitória de Cameron - a quem já apelidaram de "Blameron" - e que as próximas legislativas serão em 2009, existe tempo suficiente para unir um partido fatigado por divisões internas mas ainda longe de ser alternativa sustentada a um Labour, que já vai acusando o desgaste de governação a caminho dos dez anos.
Para acompanhar com atenção.

"He speaks so well!"

Cada vez que ouço clamores públicos para me rejubilar pela “boa forma política” de Mário Soares aos 80-e-qualquer-coisa anos só me lembro de uma piada de Chris Rock sobre a possibilidade de Colin Powell vir a ser Presidente:


Colin Powell can't be president. Get the.. you know how I can tell Colin Powell can't be president? Whenever Colin Powell on the news white people always give him the same compliments.
Always the same compliments. 'How do you feel about Colin Powell?' 'He speaks so well'. 'He's so well spoken!' 'He speaks so well, I mean he really speaks well', 'He speaks so well'. Like that's a compliment. Speaks so well ain't a compliment, ok. Speaks so well's some shit you say about retarded people... that can talk. What do you mean he speaks well? What, did he have a stroke the other day? He's a fucking educated man, how the fuck you expect him to sound, you dirty motherfucka! What you talkin about, 'he speaks so well'. You talkin' about, 'he speaks so well'. What voice were you looking to come outta his mouth? What the fuck did you expect him to sound like? 'I'm a drop me a bomb today! I be Prez- O -dent!!'.

quinta-feira, dezembro 01, 2005

Wax on, Wax off

With all of the obituary notes that I see on the blog, I can't believe you all forgot this one. Yes, Rosa Parks and George Keenan are important. But come on. Let's pay tribute to Mr. Miyagi, aka Pat Morita, who passed away on Thanksgiving. The man who taught us all how to catch a fly with chopsticks and showed how cool it was for boys to have "Daniel-san" haircuts. Not to mention, bandanas.

Karen (Gonçalo's better half)

P.S. When are you going to welcome a woman into this blog?