Caro “Neuro Glider”
1 : nunca apaguei nada seu. V. não é mal-educado.
2 : Eu não tenho “verdades”. Já o escrevi aqui. Tenho apenas a humildade de me inserir numa determinada corrente política. Uso este “blog” para transmitir essa corrente. Só. Sei que hoje as pessoas não gostam de se confrontar com um indivíduo que sabe o que é, para onde vai e que, talvez mais importante, não se importa com a reacção do politicamente correcto. Azar. Só lê quem quer.
3 : Causa polémica? Ainda bem. É para isso que isto serve. Mas, atenção, exijo respeito e boa educação. Sim: apaguei coisas. Coisa de um profundo mau gosto e infantilidade. V. diz que é censura. Bom, se o conceito de “censura” também engloba o apagamento de comentários que, entre outras coisas, falam de “rotos” e “mamadas”, então sim, fiz censura. Mas, se me permite, o que eu fiz tem outra descrição: zelar pela boa-educação de um espaço que se quer público.
4 : Sei que não concorda comigo. Também não escrevo para convencer ninguém. Escrevo para debater no espaço público. Por isso, escusa de falar com essa raiva interior. Parece que estamos aqui a definir o futuro do mundo. Isto é só um blog.
5: Jacobino não é um “insulto”. É um termo político usado na historiografia e na teoria política. Quando o apelidei de jacobino, não o estava a insultar, meu caro. Estava, apenas, a situá-lo enquanto “filho” de 1789. Estou a introduzi-lo numa cosmovisão com dois séculos.
Na nossa era pós-moderna, as “definições” são apelidadas de “rótulos”. Mas, se V. é um jacobino, logo um “moderno”, deveria ajudar-me no combate aos pós-modernos. Tenho um amigo marxista que diz: «os conservadores e os marxistas têm um inimigo em comum: os pós-modernos». Se não existir uma definição, os nossos raciocínios serão apenas um vento que passa.
Se, por exemplo, V. me apelidar de “neo-liberal”, eu dar-me-ia ao trabalho de refutá-lo. Diria: “não, meu caro! Não sou neo-liberal. Não me revejo em Hayek. Sou apenas um conservador liberal ou, se quiser, um liberal clássico. Ao contrário do que se diz, Hayek não é uma cópia integral de Adam Smith”. Se V. acha que não é jacobino, então, tem de me provar. Não basta afirmar.
6: V. nunca apresentou “argumentos”. Um “argumento” não é uma “afirmação”. V. diz “a figura do século só pode ser uma escritor ou cientista”. Ora, no momento a seguir tem de provar o que diz. É por isso que os bons “posts” são longos. Argumentar leva tempo, meu caro.
7: Não sou católico. Sou agnóstico. Tal como Maquiavel, desconfio da “Cristandade” enquanto projecto ou influência política. Mas não tenho nada contra a fé em Cristo (esfera do privado). A minha análise a João Paulo II (frisei isso no post: veja bem) tem um prisma político. Só isso. Como inimigo do Comunismo, não posso deixar de perceber a influência da fé privada dos polacos na queda suave do Comunismo.
Mais: apesar de não ser crente, atacarei sempre aqueles que atacam a “fé”. As pessoas têm o direito a ter a sua “fé”, mesmo que eu não concorde com essa cosmovisão. E aqui, meu caro, está a diferença entre um maquiavélico (ataca apenas a Cristandade e não Cristo) e um jacobino - não distingue o político (Cristandade) do privado (fé em Cristo)
8 : Não argumento? Meu caro, quando lhe respondi, fiz exactamente isso: argumentei. Peguei no seu texto e analisei. Dei-me ao trabalho de “refutar”. Não fiz uma “afirmação” alternativa. Gostaria que fizesse o mesmo com aquilo que eu escrevo. É sinal de humildade.
9: Se responder, não responda com a raiva que o caracteriza. Tenha calma. Argumentar não é o mesmo que afirmar. Isto conduz-nos a outra coisa. Eu acho que os blogs devem ser locais públicos. Por isso, assino com o meu nome. V., aparentemente, acha que os blogs são locais privados, ou, ainda pior, lugares de impunidade protegida pelo anonimato ou pelo “nick”. Por isso, assina com um “nick”. Quando me responder, peço-lhe um favor: assine com o seu nome. Quando fizer isso, vai sentir a necessidade de medir melhor as palavras. Responda com calma e ponderação.
Mas, mais uma vez, obrigado pela atenção que dispensa ao Sinédrio.
Um abraço,
Henrique Raposo